Arquivo da tag: Herpes

Herpes e stress

ArtigoDoes psychosocial stress predict symptomatic herpes simplex virus recurrence?
A meta-analytic investigation on prospective studies

AutoresYoichi Chida, Xin Mao bn-838

LocalPsychobiology Group, Department of Epidemiology and Public Health, University College London

FonteBrain, Behavior, and Immunity 23 (2009) 917–925

Estudo: As razões que levam à reativação de um herpes não são bem conhecidas. É comum afirmar que o stress é um fator relacionado à reativação. Esta revisão sistemática analisou Continuar lendo

Herpes e preservativos: magnitude da prevenção

Artigo: Effect of Condom Use on Per-act HSV-2 Transmission Risk in HIV-1, HSV-2-discordant Couples

virus detected 2Autores:Amalia S. Magaret, Andrew Mujugira e mais

Local: Multicêntrico – Africa/EUA/Inglaterra/Canada

Fonte:Clinical Infectious Diseases 2016;62(4):456–61

Estudo: Os autores selecionaram casais sorodiscordantes para herpes 2 (Um positivo outro negativo) e analisaram a taxa de transmissão do HSV-2 através de soroconversão. Os pacientes eram negros, portadores de HIV. Este estudo é um subproduto de um outro, que avaliou a profilaxia com aciclovir, que não demonstrou eficácia do antiviral com este propósito.  Os autores selecionaram casais HIV positivos mas que eram discordantes na sorologia para HSV-2, e avaliaram mensalmente a conversão e também os fatores de risco. Foi considerado o uso de preservativos somente o uso de camisinha masculina.

Resultados: Dos 911 casais analisados, Continuar lendo

Herpes e gestação

Artigo: Genital Herpes and Its Treatment in Relation to Preterm Delivery

virus detected 2Autores:  De-Kun Li, Marsha A. Raebel, T. Craig Cheetham, Craig Hansen, Lyndsay Avalos, Hong Chen, eRobert Davis

Local:  Kaiser Foundation Research Institute.Oakland, California

Fonte:  Am J Epidemiol. 2014;180(11):1109–1117

O estudo:  Os autores estudaram a relação entre a reativação de herpes durante a gestação e a ocorrência de parto pré-termo. Trata-se de estudo de coorte, onde os autores acompanharam as condutas dos médicos assistentes. Pacientes com herpes genital durante a gestação (diagnóstico pelo médico assistente, triagem pelo CID). Mulheres que não utilizaram nenhuma terapêutica específica foram comparadas com aquelas que utilizaram antiviral sistêmico (aciclovir 99%, famciclovir 1%). Mulheres que utilizaram somente a preparação tópica foram excluídas.

Resultados:  Os autores observaram que o diagnóstico de herpes genital no primeiro e segundo trimestre de gestação aumentou o risco de parto pré-termo em 2,23 vezes. O uso de antiviral sistêmico reduziu o risco de parto pré-termo a níveis comparáveis às mulheres que não tiveram manifestações. hsv2.png Continuar lendo

Corticosteróides para Herpes Labial Recorrente

Artigo:Effectiveness of topical corticosteroids in addition to antiviral therapy in the management of recurrent herpes labialis: a systematic review and meta-analysis

Autores:Nasira Arain, Sharath  Paravastu e Mubashir A Arain

Local:University of Calgary, Canada

Fonte:BMC Infectious Diseases (2015) 15:82

virus detected 2O estudo: Os autores realizaram meta-análise para analisar a eficácia da associação antiviral-corticóides no tratamento do Herpes Labial Recorrente. Não analisaram tratamento supressivo/ profilaxia secundária. Somente quatro estudos foram selecionados, todos associaram corticóides tópicos a: aciclovir tópico (2 estudos), valaciclovir oral ou famciclovir oral. Um estudo utilizando aciclovir creme e o estudo com valaciclovir tiveram como controle placebo. Os demais utilizaram terapia somente com antiviral. Os desfechos analisados foram desenvolvimento de úlcera e tempo para cicatrização (epitelização completa) e surgimento de dor.

Resultados: Surgimento de úlcera: Foi reduzido em 50% quando comparada a combinação com placebo, e em 27% Continuar lendo

Herpes: um tratamento nada convencional

Artigo:  Laser treatment of recurrent herpes labialis: a literature review

Autores:  Carlos de Paula Eduardo, Ana Cecilia Corrêa Aranha, Alyne Simões, Marina Stella Bello-Silva, Karen Muller Ramalho, Marcella Esteves-Oliveira, Patrícia Moreira de Freitas, Juliana Marotti, Jan Tunér

Local:  Odontologia da USP, Aachen University, Alemanha e consultório privado, Suécia

Fonte:  Lasers Med Sci (2014) 29:1517–1529laser_hands

O estudo: Revisão sistemática da literatura. A fototerapia por laser (laser desfocado ou de baixa intensidade) tem ação celular modulando diversos processos metabólicos pela conversão da luz em energia aproveitável pela célula, na mitocôndria. Desta forma, ela aumenta as espécies reativas de oxigênio (ROIs) e a liberação de óxido nítrico, entre outros processos que “aumentam o sistema imune”, ou  seja, promovem a inflamação.  Os autores afirmam que estes processos promoveriam maior cicatrização. A ação principal do laser seria uma ação anti-inflamatória, através da inibição da atividade da PGE-2.

Resultados:  Os autores afirmam que existe um pequeno número de estudos, quase todos com problemas de metodologia, em especial falta de padronização do laser. Os estudos, em sua maioria, mostraram aumento no intervalo entre os episódios de recorrência pelo herpes. Os laser de alta intensidade apresentam ação virucida, mas maior risco de queimaduras.

Comentários: O herpes labial recorrente pode não ser grave,mas é profundamente incômodo para paciente. Frequentemente prescrevemos antivirais por via oral para os casos de maior recorrência, o que tem seus problemas: toxicidade, adesão.O uso de laser é simpático por esta razão, poderia levar a uma diminuição de episódios sem a necessidade de tratamentos difíceis. É interessante conhecer uma modalidade alternativa, mas os próprios autores afirmam que a evidência em literatura ainda é fraca.

Uveítes: como investigar?

Artigo:  Uveitis Evaluation and Treatment

Autores:  Robert H Janigian, Jr, Hampton Roy e mais

FonteMedscape

O estudo:  Frequetemente casos de uveíte são encaminhadas para o infectologista, como se fossem causadas por toxoplasma, decisão feita somente pela presença de um IgG positivo. Chegam com tratamento sub-ótimo (Sulfametoxazol-trimetoprim). No entanto, as uveítes podem ser doenças graves e merecem uma abordagem bastante lúcida e detalhada, que é a proposta desta publicação.

Pontos críticos: Separei e adaptei aqui a classificação, agentes mais prováveis e investigação como destaque (resumidos).

 

Classificação Condições associadas Causas prováveis Investigação
Uveíte anterior
Aguda, intensa, com ou sem hipopion fibrinoso Nenhuma Idiopática, inflamatória não-infecciosa e associada ao HLA-B27. Depende do exame clínico e histórico.
Artrite, dor lombar, sintomas genitourinários. Espondiloartropatias soronegativas HLA-B27, exames de imagem da sacroilíaca
Úlceras aftosas Doenças de Behcet HLA-B5, HLA-B51
Pós-cirúrgico Endoftalmite Avaliação oftalmológica
Medicação Rifabutina
Dendrite córnea, atrofia setorial da íris Herpes
Resposta ruim aos corticoides ou epidemiologia Sífilis Sorologia
Dor ou vermelhidão de moderada/grande intensidade Nenhuma Idiopática Depende do exame clínico e histórico.
Pós-cirúrgico Endoftalmite Avaliação oftalmológica
Medicação Etidronato,

metipranolol,

latanoprost

Epidemiologia presente Tuberculose Quantiferon ou PPD para descartar casos
Criança, especialmente com artrite
Crônica, sinais mínimos de dor ou vermelhidão Nenhuma Idiopática, Doença de Lyme Sorologia para Doença de Lyme
Pós-cirúrgico Endoftalmite Avaliação oftalmológica
Heterocromia difusa, precipitado queratico unilateral Uveíte de Fuchs Nenhuma
Uveíte intermediária
Geral Depende da história clínica Idiopática ou associada a doenças sistêmicas (Sarcoidose, Doença de Lyme, Esclerose Múltipla, sífilis, doença inflamatória intestinal, doença de Whipple, Linfoma) Depende da história clínica

 

Para as uveítes posteriores, em especial a vasculite de retina, os autores propões um fluxograma, que é onde entra a toxoplasmose:

 

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Manifestações orais de doenças infecciosas, alérgicas e imune-mediadas

Artigo:  Oral Manifestations of Allergic, Infectious, and Immune-mediated Disease

Autores:  Gregory M. Cowan,e Richard F. Lockey

Local:  Tampa, Florida

Fonte:  J Allergy Clin Immunol Pract 2014;2:686-96

Artigo de revisão:  O artigo revisa as principais causas de lesões orais, especialmente os vesiculo-bolhosos e úlceras aftosas. Dentre as causas revisadas:

Medicamentos

  1. Xerostomia (Pode ser causada por polifarmácia, omeprazol, indinavir, cloreto de trospium, tramadol, didanosina, loratadina, e cetirizina.
  2. Ulceração de mucosa e necrose epitelial (Peróxido de hidrogênio, cápsulas de potássio, medicamentos que contêm fenol, sulfonamidas, barbituratos,β-bloqueadores, AINES, fenolftaleina, dapsona, salicilatos, tetraciclina e quimioterápicos).
  3. Hiperplasia gengival (Hidantoína, inibidores de canais de cálcio, valproato sódico e ciclosporina).
  4. Sangramento gengival (Anticoagulantes, alguns anti-depressivos, anti-hpertensivos e antia-alérgicos).
  5. Reações associadas à eosinofilia e Síndrome de Steven-Johnson são reações alérgicas sistêmicas, graves, que podem afetar a mucosa oral.

Infecções

  1. Herpes, varicela-zoster, sífilis (nos três estágios, mais frequentemente úlceras na mucosa ou na língua na sífilis primária), HPV.
  2. Lesões associadas à infecção pelo HIV (Úlceras recorrentes, herpes, Sarcoma de Kaposi, candidíase, leucoplasia pilosa, eritema gengival linear, gengivite ulcerativa necrosante, verrugas orais).

Doenças imune-mediadas

  1. Dermatite alérgica de contato, geralmente associada a implantes
  2. Liquen plano – Lesão aguda manifestada como reticular, atrófica, bolhosa, ou erosiva.
  3. Doença de Chron/colite ulcerativa – Úlceras orais podem ser a manifestação inicial, única. Podem acompanhar linfadenopatia submentoniana, eritema perioral, abscessos bucais recorrentes e queilite angular.
  4. Estomatite aftose recorrente
  5. Doença de Behcet – Úlceras orais recorrentes acompanhadas de úlceras genitais, uveíte e lesões cutâneas.
  6. Síndrome de Sweet – Eventualmente úlceras orais podem acompanhar esta doença, caracterizada por febre, leucocitose e lesões cutâneas eritematosas dolorosas.
  7. PFAPA – Episódios recorrentes de febre, faringite e úlceras orais em crianças pequenas, que vão melhorando com o tempo.pfapa
  8. Síndrome de Sjögren – Apresenta-se como xerostomia e as manifestações decorrentes.
  9. Lupus eritematoso sistêmico – Ocorre em 45% dos pacientes com LES. A lesão mais característica é discoide, com uma área de ulceração bem demarcada e atrofia ou eritema, cercados por área de estrias esbranquiçadas.
  10. Pênfigo – Pode anteceder a doença cutânea. Úlceras orais de repetição que podem apresentar bolhas o sinal de Nikolsky.

Outros

Doenças dentárias, gengivites e neoplasias

 

 

Comentários: Esta é uma pequena revisão interessante sobre um assunto que frequentemente chega ao consultório do infectologista.