Artigo: Recent Clinical Trials for the Etiological Treatment of Chronic Chagas Disease: Advances, Challenges and Perspectives.

Autor: Julio A. Urbina

Local: Venezuelan Institute for Scientific Research, Caracas, Venezuela

Fonte: Journal of Eukaryotic Microbiology 2015, 62, 149–156

O estudo: Trata-se de uma revisão que aborda os principais ensaios clínicos referentes ao tratamento da Doença de Chagas.  Inicialmente o autor revisa brevemente a doença, e os dois medicamentos disponíveis: Nifurtimox e Benzonidazol. Do ponto de vista teórico, a principal controvérsia referente ao tratamento está na fisiopatologia. Sabe-se que a maior parte das manifestações clínicas são decorrentes da autoimunidade induzida pelo parasita. No entanto, não se sabe completamente qual é o pepel da persistência do parasita na manutenção da autoimunidade. Caso seja importante, o tratamento tem o potencial de ser benéfico. Caso a autoimunidade seja independente da persistência (o parasita seria somente um ‘disparador’), então o potencial benéfico do tratamento será desprezível. O primeiro ponto relevante nesta revisão é a citação de referências e a consolidação da ideia de que que a doença crônica é fruto da persistência do parasita que leva a uma resposta imune desbalanceada. Esta é uma conclusão baseada em estudos realizados com biologia molecular, que é muito vantajosa, quando comparada ao isolamento do agente, ou ao xenodiagnóstico.  O autor cita alguns ensaios clínicos iniciados ou concluídos recentemente:

BENEFIT – Benzonidazol: primeiro estudo duplo-cego, randomizado. Estuda infecção crônica, endpoints clínicos. Ainda sem resultados na época da publicação da revisão.

TRAENA – Efeito do benzonidazol em doentes crônicos. Em andamento.

STOP CHAGAS – Posaconazol, em andamento.

E1224 – Pró-droga do ravuconazol, em andamento.

CHAGASAZOL – Primeiro estudo randomizado com doentes crônicos com resultados disponíveis no momento da publicação da revisão.

O CHAGASAZOL foi o primeiro a ter resultados divulgados de forma mais consistente. Dentre os pacientes que completaram o esquema de benzonidazol por 60 dias, 94,1 tiveram depuração da parasitemia  comparado com 10-20% daqueles que usaram posaconazol. Os resultados são compatíveis com estudos recentes como o TRENA e o E1224. Não há evidência ainda de completa erradicação do parasita.

O que há de mais promissor é a possível combinação de benzonidazol com um antifúngico azol (inhibidores da CYP51) como posaconazol ou ravuconazol. De toda forma, ainda que não evidenciado completamente, temos a indicativa que teremos uma mudança no paradigma do tratamento da Doença de Chagas, ainda que os recursos alocados para desenvolvimento de tratamento específico ainda seja irrisório, seja no setor público como no privado.

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