Uma bactéria resistente a mais

Artigo: The Pandemic H30 Subclone of Escherichia coli Sequence Type 131 Is Associated With Persistent Infections and Adverse Outcomes Independent From Its Multidrug Resistance and Associations With Compromised Hosts

1009xrds_bacteria_articleAutores: James R. Johnson e mais

Local: Seattle/ Minneapolis/ Washington

Fonte: Clinical Infectious Diseases 2016;62(12):1529–36

EstudoEscherichia coli , juntamente com os estreptococos e estafilococos, talvez seja a bactéria (ou grupo de bactérias) mais associados às doenças humanas. E. coli é responsável por uma miríade grande de infecções extra-intestinais, às quais se destacam as infecções urinárias, hoje cada vez mais resistentes aos antimicrobianos e com probabilidade de persistência e recorrência. Este estudo foca numa cepa que ganha importância a cada dia,  que carrega a sequência tipo 131 (ST131), particularmente no subclone H30, resistente à ciprofloxacina.  Devido à rápida expansão, potencial de disseminação na comunidade, os autores consideram esta cepa um problema de saúde pública. Os autores levantaram dados de cinco centros americanos e obtiveram dados clínicos de prontuários de 1130 pacientes que tiveram isolamento de E. coli, no intuito de se diferenciar as infecções causadas pela E. coli H30 das demais E. coli. Os isolados foram estratificados pela topografia da amostra.

Resultados: Os resultados expostos são extensos, e serão resumidos, com foco naqueles que são mais informativos.

Os fatores preditivos são aqueles esperados para bactérias resistentes: uso recente de antimicrobianos, hospitalização recente ou Continuar lendo

Transmissão vertical do HIV: a segunda geração

Artigo:  The second generation of HIV-1 vertically exposed infants: a case series from the Italian Register for paediatric HIV infection

Autores:  Carmelina Calitri, Clara Gabiano e mais

Local:  Italia

FonteBMC Infectious Diseases 2014, 14:277

virusO estudo:  Os autores utilizaram os dados do coorte de seguimento de crianças que adquiriram HIV no período neonatal. Eles selecionaram as mulheres infectadas que ficaram gestantes, a chamada segunda geração e descreveram o desfecho das gestações.

Resultados: 23 mães foram acompanhadas retrospectivamente. 10 não tinham tomando nenhum antirretroviral (ARV) até a concepção. Daquelas que receberam ARV previamente, uma tomou efavirenz até a quinta semana de gestação. Várias mães tinham recebido vários esquemas de ARV prévio. Durante a gestação, 21 mães receberam Continuar lendo

A controvérsia do uso de antibióticos para IVAS em idosos

Artigo: Protective effect of antibiotics against serious complications of common respiratory tract infections: retrospective cohort study with the UK General Practice Research Databasevirus

Autores: Petersen e mais

Local: Centre for Infectious Disease Epidemiology, Department of Primary Care and Population Sciences, London e Health Protection Agency, Centre for Infections, London

Fonte: BMJ 2007;335;982

O estudo: Os autores aproveitaram para um coorte retrospectivo o banco de dados inglês com 162 centros, de 1991 a 2001. Identificaram pacientes através de termos localizadores de diagnóstico e utilizaram como desfecho primário o desenvolvimento de complicações graves até 30 dias o diagnóstico da infecção das vias aéreas superiores (IVAS). Entre as complicações graves estão a pneumonia, mastoidite e abscesso peritonsilar (‘quinsy’).

Resultado: Os autores analisaram um total nada impressionante de 1.081.000 casos de IVAS.Os autores mostram benefícios com o uso de antibióticos, mas Continuar lendo

Eficácia clínica do Benzonidazol no tratamento da Doença de Chagas

Artigos médicos comentados por Renato Grinbaum https://infectologista.net/contato/

Artigo: Evaluation of Parasiticide Treatment with Benznidazol in the Electrocardiographic,
Clinical, and Serological Evolution of Chagas Disease

Autores:Abilio Augusto Fragata-Filho e mais

doencadechagas_00_zoomLocal: Dante Pazzanese Institute of Cardiology, Vila Mariana, São Paulo, Brazil

Referência: PLoS Negl Trop Dis 2016; 10 (3): e0004508. doi:10.1371/journal.pntd.0004508

Estudo: Trata-se de estudo observacional, não randomizado. Foram incluídos no estudo pacientes com Doença de Chagas na fase crônica, mas sem alteração eletrocardiográfica. A opção por tratar ou não tratar foi realizada pelo médico assistente do caso. O desfecho primário foi o desenvolvimento de alteração eletrocardiográfica após o estudo. Já para a análise multivariada o desfecho utilizado foi comporto (Morte, ICC, AVC) O acompanhamento mínimo foi de dez anos.

Resultados: 310 pacientes foram incluídos. 263 receberam benzonidazol. 79.08% dos pacientes continuaram com ECG normal, comparados com Continuar lendo

Manifestações reumatológicas da infecção pelo Chikungunya

Artigo:Specific Management of Post-Chikungunya Rheumatic Disorders: A Retrospective Study of 159 Cases in Reunion Island from 2006-2012

virus detected 2Autores: Emilie Javelle, Anne Ribera, Isabelle Degasne, Bernard-Alex Gaüzère

Local: França

Referência: PLoS Negl Trop Dis 2015; 9(3): e0003603. doi:10.1371/journal.pntd.0003603

O estudo: Os autores coletaram retrospectivamente a experiência de seis anos no manejo de pacientes com infecção pelo vírus Chikungunya. Foram incluídos 159 pacientes com dor articular>4 meses após a infecção aguda.

Resultados: Dos 159 pacientes referidos ao serviço de Reumatologia, quatro apresentavam gota, 112 apresentavam reumatismo inflamatório crônico (CIR) pós-CHK (40 com Artrite reumatóide, 33 com Espondiloartrite inflamatória crônica e 21 com poliartrite indiferenciada). 43 apresentavam condições musculoesqueléticas crônicas, como a Continuar lendo

Além dos antibióticos

Artigo: Beyond Antibiotics: New Therapeutic Approaches for Bacterial Infections

Autores: Alan R. Hauser, Joan Mecsas, e Donald T. MoirAntibiotics - Medical Concept. Composition of Medicamen.

Local:Departments of Microbiology/Immunology and Medicine, Northwestern University,
Chicago, Illinois; Tufts University School of Medicine, Boston, e Microbiotix, Inc, Worcester, Massachusetts

Referência: Clinical Infectious Diseases 2016;63(1):89–95

A revisão: Trata-se de uma revisão clínica importante, num momento em que se fala da era pós-antibiótica. Novas abordagens – certamente de custo bem mais elevado – tenderão a ser utilizadas no tratamento de infecções graves. Os autores organizam os novos produtos em:

  • Inibição da virulência microbiana
    • Anti-toxinas e sistemas secretórios
    • Anti-biofilmes e adesão
    • Anti-sinalização e regulação
  • Terapia com fagos
  • Manejo do microbioma

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Transmissibilidade da tuberculose

Artigo: Cough Aerosols of Mycobacterium tuberculosis in the Prediction of Incident Tuberculosis Disease in Household Contacts

Autores: Edward C. Jones-López e maisimage003

Local: Uganda/Estados Unidos

Referência: Clinical Infectious Diseases 2016;63(1):10–20

O estudo: Estudo retrospectivo abordando 85 pacientes com tuberculose bacilífera em Uganda e seus 395 contactuantes. Todos os pacientes foram analisados quanto à baciloscopia, intensidade da tosse e a quantidade de bacilos presentes na cultura do escarro através de aerossolização. Esta quantidade foi estratificada em: (1) aerosol-negativa; (2) Baixa contagem-aerosol (1–9 CFUs); ou (3) alta contagem-aerosol (≥10 CFUs). O desfecho primário utilizado foi a conversão do teste tuberculínico (TST) e do ensaio de interferon (IGRA) em seis semanas.

Resultados: A tuberculose clínica foi diagnosticada em três contactuantes Continuar lendo

Infecção pelo HIV e hipertensão

Artigo: Hypertension Among HIV-infected Patients in Clinical Care, 1996–2013

Autores: Nwora Lance Okeke, Thibaut Davy, Joseph J. Eron, e Sonia Napravnik

Local: University of North Carolina at Chapel Hill

Referência: Clinical Infectious Diseases 2016;63(2):242–8

w583h583_137591-standard-digital-news-kenya-hypertension-claims-more-lives-than-hivO estudo: Participaram do estudos pacientes participantes do estudo de coorte UNC CFAR HIV entre 2006 e 2013. O desfecho primário utilizado foi o desenvolvimento de hipertensão pelo menos 90 dias após o início do coorte, para descartar hipertensão pré-existente. Foi realizada análise multivariada para  se tentar compreender os fatores de risco para desenvolvimento de hipertensão entre soropositivos.

Resultados: No momento da inclusão, 471 pacientes tinham diagnóstico de hipertensão e por isto foram excluídos. 3141 pacientes foram incluídos, 756 desenvolveram hipertensão num período mediano de seguimento de 5,5 anos (2,7 a 10 anos).  A incidência bruta de hipertensão foi de 3.44 casos por 100 Indivíduos-ano (IC 95%: 3.20–3.70). Os fatores Continuar lendo

Antibioticoterapia na pneumonia: tão rápido quanto na sepse?

Artigo: Hospital-reported Data on the Pneumonia Quality Measure ‘‘Time to First Antibiotic Dose’’ Are Not Associated With Inpatient Mortality: Results of a Nationwide Cross-sectional Analysis

Autores:  Erin Quattromani, Emilie S. Powell e mais

Local:  530 hospitais nos Estados Unidos

Fonte:  ACADEMIC EMERGENCY MEDICINE 2011; 18:496–503

O estudo:  Os autores aproveitaram os dados do MEDICARE, selecionando todos os pacientes com CIDs relacionados à pneumonia no ano de 2007. O desfecho observado Continuar lendo

Tratamento da Doença de Chagas

doencadechagas_00_zoomArtigo: Recent Clinical Trials for the Etiological Treatment of Chronic Chagas Disease: Advances, Challenges and Perspectives.

Autor: Julio A. Urbina

Local: Venezuelan Institute for Scientific Research, Caracas, Venezuela

Fonte: Journal of Eukaryotic Microbiology 2015, 62, 149–156

O estudo: Trata-se de uma revisão que aborda os principais ensaios clínicos referentes ao tratamento da Doença de Chagas.  Inicialmente o autor revisa brevemente a doença, e os dois medicamentos disponíveis: Nifurtimox e Benzonidazol. Do ponto de vista teórico, a principal controvérsia referente ao tratamento está na fisiopatologia. Sabe-se que a maior parte das manifestações clínicas são decorrentes da autoimunidade induzida pelo parasita. No entanto, não se sabe completamente qual é o pepel da persistência do parasita na manutenção da autoimunidade. Caso seja importante, o tratamento tem o potencial de ser benéfico. Caso a autoimunidade seja independente da persistência (o parasita seria somente um ‘disparador’), então o potencial benéfico do tratamento será desprezível. O primeiro ponto relevante nesta revisão é a citação de referências e a consolidação da ideia de que que a doença crônica é fruto da persistência do parasita que leva a uma resposta imune desbalanceada. Esta é uma conclusão baseada em estudos realizados com biologia molecular, que é muito vantajosa, quando comparada ao isolamento do agente, ou ao xenodiagnóstico.  O autor cita alguns ensaios clínicos iniciados ou concluídos recentemente:

BENEFIT – Benzonidazol: primeiro estudo duplo-cego, randomizado. Continuar lendo