Sepse além dos protocolos

Artigo: The association between time to antibiotics and relevant clinical outcomes in emergency department patients with various stages of sepsis: a prospective multi-center study

tiogmqbl1Autores:  Bas de Groot, Annemieke Ansems e mais

Local:  Leiden University Medical Center, Holanda

Fonte: Critical Care (2015) 19:194

O estudo:  Estudo multicêntrico, prospectivo, buscando analisar o impacto da antibioticoterapia imediata em sepse, de acordo com a gravidade. Esta foi avaliada através do Escore PIRO: 1 a 7 pontos, leve, 8-14 pontos, intermediária e >14 pontos, grave. O desfecho primário foi o número de dias fora do hospital em 28 dias após o diagnóstico (que reflete mortalidade e tempo de permanência hospitalar – quanto maior o tempo, menor a mortalidade ou tempo de hospitalização) e o desfecho secundário foi a mortalidade no 28º. dia após o diagnóstico.  Também foi analisado o acerto de espectro de cobertura.

Resultados:  Através da análise multivariada de Cox, os autores chegaram à conclusão que não houve benefício do rápido início de antibioticoterapia nos pacientes com sepse “leve” ou intermediária, escore de Piro <14 pontos. O acerto da cobertura antimicrobiana foi Continuar lendo

Sinusite e cultura de secreção nasal

Artigo: Are Nasopharyngeal Cultures Useful in Diagnosis of Acute Bacterial Sinusitis in
Children?

Autor: Nader Shaikh,   Alejandro Hoberman e mais

Local: Pittsburgh, PA, USA

Fonte: Clinical Pediatrics 2013; 52(12) 1118–1121

Estudo: Os autores partiram da premissa que crianças com sinais de sinusite e radiografias de seios da face com alterações tinham a maior probabilidade de apresentar bactérias nos seios da face. Prospectivamente, analisaram crianças com sintomas de sinusite (segundo critérios da Academia Americana de Pediatria), realizaram radiografia e coletaram culturas de secreção nasofaríngea. A partir destes resultados, calcularam o valor preditivo positivo e negativo das culturas.

Resultados: 258 pacientes foram incluídos, mas 54 não coletaram culturas. Destes, 41  tinham alterações radiológicas, e destes 41, encontraram 17 (41%) com culturas positivas para agentes potencialmente patogênicos.

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Comentários: As cavidades nasais e a orofaringe Continuar lendo

Herpes e gestação

Artigo: Genital Herpes and Its Treatment in Relation to Preterm Delivery

virus detected 2Autores:  De-Kun Li, Marsha A. Raebel, T. Craig Cheetham, Craig Hansen, Lyndsay Avalos, Hong Chen, eRobert Davis

Local:  Kaiser Foundation Research Institute.Oakland, California

Fonte:  Am J Epidemiol. 2014;180(11):1109–1117

O estudo:  Os autores estudaram a relação entre a reativação de herpes durante a gestação e a ocorrência de parto pré-termo. Trata-se de estudo de coorte, onde os autores acompanharam as condutas dos médicos assistentes. Pacientes com herpes genital durante a gestação (diagnóstico pelo médico assistente, triagem pelo CID). Mulheres que não utilizaram nenhuma terapêutica específica foram comparadas com aquelas que utilizaram antiviral sistêmico (aciclovir 99%, famciclovir 1%). Mulheres que utilizaram somente a preparação tópica foram excluídas.

Resultados:  Os autores observaram que o diagnóstico de herpes genital no primeiro e segundo trimestre de gestação aumentou o risco de parto pré-termo em 2,23 vezes. O uso de antiviral sistêmico reduziu o risco de parto pré-termo a níveis comparáveis às mulheres que não tiveram manifestações. hsv2.png Continuar lendo

Duração da imunidade a Norovírus

Artigo: Duration of Immunity to Norovirus Gastroenteritis

Autores: Kirsten Simmons, Manoj Gambhir, Juan Leon, e Ben Lopman

immunodeficiency-disordersLocal: Emory University,Atlanta, Georgia, USA ; Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta; e Imperial College London, London, UK

Fonte: Emerging Infectious Diseases 2013; Vol. 19, No. 8: 1260.

Estudo: Apesar da alta prevalência de anticorpos contra norovírus, a doença é extremamente frequente, sugerindo duração não tão prolongada da imunidade.Acredita-se que dure entre 6 meses e dois anos. Mutações no gene FUT2, presentes em 20% dos europeus, também parece conferir proteção. Os autores realizaram um estudo epidemiológico baseado em comunidade,  buscando determinar história natural da doença e duração da imunidade. O desenho do estudo é complexo. Os autores desenvolveram alguns modelos tentando  compreender as relações entre os indivíduos, classificados em: 1) suscetível à infecção e doença  (S), 2) e exposto mas ainda sem sintomas (E), 3) infectado com sintomas (I), 4) infectado mas assintomático (A), e 5) imune à doença, mas não à infecção(R).No modelo D, foram incluídos indivíduos geneticamente resistentes à infecção (G). Os autores Continuar lendo

É preciso realizar uma tomografia em caso de suspeita clínica de meningite?

A meningite é uma infecção grave, potencialmente letal e associada ao desenvolvimento de sequelas importantes. O estabelecimento rápido de diagnóstico e tratamento são images-12críticos, tanto que a meningite é considerada uma emergência infecciosa. Seu diagnóstico é realizado através do exame clínico e análise do líquido cefalorraquidiano (LCR). No entanto, alguns pacientes podem desenvolver herniação cerebral, razão pela qual alguns serviços optam pela realização de tomografia computadorizada de crânio (TC-C) antes da realização do LCR.  Esta medida de ‘proteção’ de pacientes diminui risco de mortalidade? Dois estudos estão resumidos em seguida no intuito de se tornar esta discussão lúcida.

Qual é a importância do LCR na meningite?

Os autores revisaram retrospectivamente os desfechos de 111 pacientes que tiveram o diagnóstico de meningite. O critério para indicação de TC-C e/ou LCR foi determinado pelo médico assistente. Dois grupos foram incluídos, o grupo 1, com pacientes atendidos entre 2001 e 2004, e o grupo 2, entre 2006 e 2009. Os grupos eram diferentes. No grupo 1, 53% das meningites eram virais, e no grupo 2, 80%.

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No grupo 1 foi observada uma maior ocorrência de casos graves. Dezenove pacientes apresentavam rebaixamento do estado de consciência pela escala de Glasgow, 14 apresentavam Continuar lendo

Resistência aos antirretrovirais na América Latina, 2016

Artigo: Surveillance of HIV Transmitted Drug Resistance in Latin America and the Caribbean: A Systematic Review and Meta-Analysis

Autores:  Santiago Avila-Rios, Omar Sued, Soo-Yon Rhee, Robert W. Shafer, Gustavo Reyes-Teran, Giovanni Ravasifoto_25112015111143

Local: Centre for Research in Infectious Diseases, Mexico, Clinical Research Section, Huésped Foundation, Buenos Aires, Argentina, Stanford University, Stanford, California, United States of America,  Pan American Health Organization (PAHO), Washington DC, United States of America

FontePLoS ONE 11(6): e0158560. doi:10.1371/journal.pone.0158560

Estudo: Os autores realizaram revisão sistemática sobre a resistência aos antirretrovirais  (ARV)em indivíduos naïve. Os artigos tinham que ter no mínimo 10 indivíduos, possuir a descrição completa, e abordar somente resistência adquirida.

Resultados:Foram selecionados artigos referentes ao Brasil (50), Mesoamerica (17), Cone Sul (16), Andes (8) e Caribe (7). O total de pacientes analisados foi de  11,441. A resistência foi detectada em 7.7% (IC 95%: 7.2%-8.2%). Os estudos abordados apresentaram características diferentes (Tempo de infecção, ano de Continuar lendo

Manifestações clínicas da infecção causada pelo HTLV-1

Artigo: Human t-cell lymphotropic virus type 1 (htlv-1): when to suspect infection?

colunista-tira-d-favidas-sobre-o-v-edrus-htlvAutores: Luiz Cláudio Ferreira Romanelli, Paulo Caramelli, Anna Barbara de Freitas Carneiro Proietti

Local: y HTLV Research Group at the Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais Hemominas. Postgraduate, Program in Health Sciences/IPSEMG, Belo Horizonte, MG, Brazil

Fonte: Rev Assoc Med Bras 2010; 56(3): 340-7

A revisão: Esta é uma revisão já não tão nova, mas cuja importância reside no fato de: a) A infecção pelo HTLV-1 ser frequente; b) Muitas vezes é negligenciada por desconhecimento ou por disponibilidade de tratamento específico comprovadamente eficaz. Sabe-se que uma minoria de pacientes desenvolverá doença neurológia ou hematológica. A manifestação neurológica mais comum é a mielopatia/ paraparesia tropical espástica. Já a manifestação hematológica é a leucemia/ linfoma de células T. Continuar lendo

Imunização para Estreptococo do Grupo B

Artigo: Group B streptococcus vaccination in pregnant women with or without HIV in Africa: a non-randomised phase 2, open-label, multicentre trial

antibodyAutores: Robert S Heyderman e mais

Local: Malawi, África do Sul, Itália, EUA e Inglaterra

Fonte:Lancet Infect Dis 2016; 16: 546–55

O estudo:Estudo de fase 2 visando avaliar imunogenicidade e segurança da vacina para estreptococos do grupo B (GBS-Vac) em gestantes de acordo com estado sorológico para o HIV. A vacina contém polissacarídeos dos sorotipos Ia, Ib, e III, administrada por via intramuscular entre a 24a. e 35a. semana de gestação. O desfecho primário foi a transferência de anticorpos para o recém-nascido (RN). O objetivo secundário foi a detecção de anticorpos na mãe.

Resultados: De 270 gestantes incluídas, completaram o estudo 87 no grupo HIV+CD4, baixo, 84 no grupo HIV+CD4 alto e no 83 grupo HIV-. Dentre os recém nascidos, foram analisados 87 no grupo HIV+CD4, baixo, 85 no grupo HIV+CD4 alto e no 84 grupo HIV-. As concentrações de anticorpos específicos nos RN nascidos de mães soronegativas foram significativamente maiores do que as nascidas de soropositivas: Continuar lendo

Descolonização e infecções da corrente sanguínea

Artigo: Closing the Translation Gap: Toolkit-based Implementation of Universal  decolonization in Adult Intensive Care Units Reduces Central Line–associated
Bloodstream Infections in 95 Community Hospitals

C_Diff_InfectionAutores:Edward Septimus e mais

Local: 95 centros nos Estados Unidos

Fonte: Clinical Infectious Diseases 2016;63(2):172–7

Estudo: A descolonização, entendida como uso de antimicrobianos, especialmente por via tópica para eliminação ou redução da colonização por bactérias resistentes, foi durante muitos anos uma estratégia controversa, devido à dificuldade de se descolonizar todos os sítios corporais e pelo potencial de desenvolvimento de resistência. Este é o maior estudo publicado analisando a relação entre descolonização e um desfecho clínico de grande importância – as infecções de corrente sanguínea (BSI). Participaram 136 UTIs de 95 hospitais. Foi realizada descolonização universal, não dependente de culturas, em todos os pacientes, com mupirocina a 10%, por via intranasal duas vezes por dia por cinco dias.

Resultados: Os resultados mostram uma importante redução na ocorrência de BSI após a implementação do protocolo.

bv1.pngA redução foi observada não somente para gram-positivos, mas também para Continuar lendo

Rinovírus é um problema a mais

Artigo:Hospitalizations and outpatient visits for rhinovirus-associated acute respiratory illness in adultsrhinovirusrhino2

Autores:E. Kathryn Miller

Local: Nashville e Pittsburgh

Fonte: J Allergy Clin Immunol 2016;137:734-43.

Estudo: A partir de um estudo para avaliação da infecções causadas pelo vírus influenza, os autores realizaram um coorte visando analisar os desfechos das infecções causadas pelos rinovírus (RV).

Resultados: Dentre os pacientes com infecções respiratórias agudas, os RV foram isolados em 364 (6,9%) pacientes no serviço de emergência, 795 (3%) pacientes hospitalizados e em 469 (Taxa não calculada) pacientes ambulatoriais. Pacientes Continuar lendo