Arquivo da categoria: Doenças Negligenciadas

Toxoplasmose ocular pós-natal

ArtigoOcular Involvement Following Postnatally Acquired Toxoplasma gondii Infection
in Southern Brazil: A 28-Year Experience

8-blueAutoresTIAGO E.F. ARANTES, CLAUDIO SILVEIRA, GARY N. HOLLAND, CRISTINA MUCCIOLI, FEI YU, JEFFREY L. JONES, RAQUEL GOLDHARDT, KEVAN G. LEWIS, e RUBENS BELFORT, JR

LocalErechim, Rio Grande Do Sul, Brasil; Universidade Federal de São Paulo e Estados Unidos

FonteAm J Ophthalmol 2015;159(6): 1002–1012

Estudo: Este assunto é muito importante, já discutido aqui previamente, uma vez que a doença é frequente, habitualmente não tratada, e o diagnóstico da retinite/ uveíte posterior muitas vezes é feito baseado numa sorologia, IgG, de difícil interpretação nestes casos. Os autores sistematizaram sua experiência em Erechim, RS, cidade onde 85% da população tem evidência de infecção por toxoplasma, e 17,7% Continuar lendo

Hantavirus em São Paulo

ArtigoLandscape, Environmental and Social Predictors of Hantavirus Risk in São Paulo, Brazil

sig3718ba83-1b9e-46da-9ff8-458e5677fe29largeAutoresPaula Ribeiro Prist, Maria Uriarte, Leandro Reverberi Tambosi, Amanda Prado, Renata Pardini, Paulo Sérgio D´Andrea, Jean Paul Metzger

LocalUniversity of São Paulo;  Oswaldo Cruz Institute, FIOCRUZ, Rio de Janeiro;  Columbia University, New York City 

FontePLoS ONE 11(10): e0163459.

Estudo:  A hantavirose é uma zoonose grave, que ocorre em regiões rurais, presente no Brasil, apesar de pouco falada. Pode se manifestar como febre hemorrágica, mais relacionado às cepas asiáticas, ou síndrome aguda pulmonar, mais comum nas Américas. A letalidade média é de Continuar lendo

Transmissão da Hanseníase

ArtigoMolecular Evidence for the Aerial Route of Infection of Mycobacterium leprae and the Role of Asymptomatic Carriers in the Persistence of Leprosy

image003AutoresSergio Araujo, Larissa Oliveira Freitas, Luiz Ricardo Goulart, Isabela Maria Bernardes Goulart

LocalFederal University of Uberlandia, Minas Gerais, Brazil; University of California, Davis

FonteClinical Infectious Diseases 2016;63(11):141220

Estudo: O conhecimento da hanseníase ainda tem várias lacunas para serem estudadas. A transmissão e a dinâmica da infecção é um deles. Existe evidência de transmissão interhumana da doença, mas é pouco conhecido o motivo para o longo período de incubação e mesmo o não desenvolvimento de doenças entre inúmeros contactuantes. O presente estudo procurou investigar a transmissão da hanseníase por aerossol através da Continuar lendo

Vacina da febre amarela: duração da proteção

ArtigoA Single 17D Yellow Fever Vaccination Provides Lifelong Immunity; Characterization of Yellow-Fever-Specific Neutralizing Antibody and T-Cell Responses after Vaccination

hpv-vacinaAutoresRosanne W. Wieten  e mais

Local: Holanda

FontePLoS ONE 11(3): e0149871.

Estudo: Em julho de 2016 a OMS alterou suas recomendações sobre a vacinação da febre amarela, não recomendando mais reforços a cada 10 anos. Uma única dose teria a capcidade de conferir proteção por toda a vida. Vários estudos foram utilizados para embasar esta decisão. Os títulos de anticorpos neutralizantes decaem durante a vida, mas podem permanecer detectáveis por 30 a 35 anos. Como a doença não é Continuar lendo

Eficácia clínica do Benzonidazol no tratamento da Doença de Chagas

Artigos médicos comentados por Renato Grinbaum https://infectologista.net/contato/

Artigo: Evaluation of Parasiticide Treatment with Benznidazol in the Electrocardiographic,
Clinical, and Serological Evolution of Chagas Disease

Autores:Abilio Augusto Fragata-Filho e mais

doencadechagas_00_zoomLocal: Dante Pazzanese Institute of Cardiology, Vila Mariana, São Paulo, Brazil

Referência: PLoS Negl Trop Dis 2016; 10 (3): e0004508. doi:10.1371/journal.pntd.0004508

Estudo: Trata-se de estudo observacional, não randomizado. Foram incluídos no estudo pacientes com Doença de Chagas na fase crônica, mas sem alteração eletrocardiográfica. A opção por tratar ou não tratar foi realizada pelo médico assistente do caso. O desfecho primário foi o desenvolvimento de alteração eletrocardiográfica após o estudo. Já para a análise multivariada o desfecho utilizado foi comporto (Morte, ICC, AVC) O acompanhamento mínimo foi de dez anos.

Resultados: 310 pacientes foram incluídos. 263 receberam benzonidazol. 79.08% dos pacientes continuaram com ECG normal, comparados com Continuar lendo

Manifestações reumatológicas da infecção pelo Chikungunya

Artigo:Specific Management of Post-Chikungunya Rheumatic Disorders: A Retrospective Study of 159 Cases in Reunion Island from 2006-2012

virus detected 2Autores: Emilie Javelle, Anne Ribera, Isabelle Degasne, Bernard-Alex Gaüzère

Local: França

Referência: PLoS Negl Trop Dis 2015; 9(3): e0003603. doi:10.1371/journal.pntd.0003603

O estudo: Os autores coletaram retrospectivamente a experiência de seis anos no manejo de pacientes com infecção pelo vírus Chikungunya. Foram incluídos 159 pacientes com dor articular>4 meses após a infecção aguda.

Resultados: Dos 159 pacientes referidos ao serviço de Reumatologia, quatro apresentavam gota, 112 apresentavam reumatismo inflamatório crônico (CIR) pós-CHK (40 com Artrite reumatóide, 33 com Espondiloartrite inflamatória crônica e 21 com poliartrite indiferenciada). 43 apresentavam condições musculoesqueléticas crônicas, como a Continuar lendo

Tratamento da Doença de Chagas

doencadechagas_00_zoomArtigo: Recent Clinical Trials for the Etiological Treatment of Chronic Chagas Disease: Advances, Challenges and Perspectives.

Autor: Julio A. Urbina

Local: Venezuelan Institute for Scientific Research, Caracas, Venezuela

Fonte: Journal of Eukaryotic Microbiology 2015, 62, 149–156

O estudo: Trata-se de uma revisão que aborda os principais ensaios clínicos referentes ao tratamento da Doença de Chagas.  Inicialmente o autor revisa brevemente a doença, e os dois medicamentos disponíveis: Nifurtimox e Benzonidazol. Do ponto de vista teórico, a principal controvérsia referente ao tratamento está na fisiopatologia. Sabe-se que a maior parte das manifestações clínicas são decorrentes da autoimunidade induzida pelo parasita. No entanto, não se sabe completamente qual é o pepel da persistência do parasita na manutenção da autoimunidade. Caso seja importante, o tratamento tem o potencial de ser benéfico. Caso a autoimunidade seja independente da persistência (o parasita seria somente um ‘disparador’), então o potencial benéfico do tratamento será desprezível. O primeiro ponto relevante nesta revisão é a citação de referências e a consolidação da ideia de que que a doença crônica é fruto da persistência do parasita que leva a uma resposta imune desbalanceada. Esta é uma conclusão baseada em estudos realizados com biologia molecular, que é muito vantajosa, quando comparada ao isolamento do agente, ou ao xenodiagnóstico.  O autor cita alguns ensaios clínicos iniciados ou concluídos recentemente:

BENEFIT – Benzonidazol: primeiro estudo duplo-cego, randomizado. Continuar lendo

A vacina da Dengue e a OMS

A primeira vacina contra a Dengue foi autorizada para uso clínico no Brasil no primeiro oms-450x392semestre de 2016. A vacina tem eficácia em adultos e algumas fragilidades, especialmente em crianças, que limita o seu uso abrangente para toda a população.

Em Julho de 2016 a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou seu posicionamento com relação à vacina. Alguns pontos devem ser destacados:

  • A dengue é uma infecção clinicamente relevante, com impacto individual e econômico para nações, com grande crescimento de casos entre 1996 e 2015. Neste último ano foram relatados 3,2 milhões de casos à OMS, o que certamente sofre de um importante grau de subnotificação devido às dificuldades diagnósticas e de vigilância da doença em países com características bastante discrepantes.
  • A infecção pelo vírus da dengue confere imunidade contra o sorotipo específico. Os anticorpos produzidos contra este sorotipo transitoriamente podem proteger contra os demais sorotipos, no entanto, com o tempo, estes anticorpos, com ação não-neutralizante, fazem com que a infecção por vírus de outros sorotipos tenham acesso a células dendríticas e macrófagos – local primário de infecção pelo vírus da Dengue – facilitando a sua replicação. Este fenômeno, a amplificação dependente de anticorpos (ADE – Antibody Dependent Enhacement) tem relação com o risco de Dengue grave a partir do segundo episódio de infecção e com o fracasso de vacinas antes testadas.

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