Dez anos de vacina para o HPV

Artigo: Impact and Effectiveness of the Quadrivalent Human Papillomavirus Vaccine: A Systematic Review of 10 Years of  Real-world Experience.

hpv-vacinaAutores: Suzanne M. Garland e mais.

Local: Multicêntrico

Fonte: Clinical Infectious Diseases 2016;63(4):519–27.

O estudo: O artigo é uma revisão sistemática dos estudos avaliando a eficácia da vavina para o papilomavírus (HPV), licenciada em 2006. Dos 903 artigos encontrados, 58 (6,4%) estudaram a eficácia da vacina. Os autores classificaram os estudos de acordo com o desfecho: verrugas genitais, infecção pelo HPV, anormalidades citológicas e anormalidades histológicas.

Resultados: Com relação aos desfechos:

Infecção pelo HPV

As infecções pelo HPV 6/11/16/18 reduziram de forma importante no período pós-vacinação nos países com maior cobertura vacinal. Na Austrália, a infecção pelo HPV 16/18 em mulheres <25 anos de idade foi reduzida em 75-80%.

Verrugas genitais

Os estudos mostraram diminuição na ocorrência de verrugas genitais, o que aconteceu devido ao declínio da infecção causada pelo HPV 6/11. Este declínio foi mais marcante em países com alta cobertura vacinal (Australia e Dinamarca)

Presença de alterações citológicas e histológicas

Os estudos mostraram importante redução de alterações citológicas, que são marcadores indiretos do risco de malignidade. No estudo Australiano, o mais citado pelos autores, a redução de alterações de baixo grau foi de 34% e de 47% para as de alto grau.

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A ocorrência de alterações histológicas mais graves foi reduzida em 69% no estudo dinamarquês.

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Comentários: A vacina para o HPV – como qualquer outra vacina hoje -, vem cercada por uma série de controvérsias. Muitas delas de ordem técnica, outras que mais se assemelham às teorias da conspiração, bastante comuns no terreno das imunizações.

Nesta revisão, os resultados analisados foram bastante favoráveis, mas os próprios autores discutiram que o impacto mais valioso da vacina, redução de ocorrência de neoplasia, e mortalidade, ainda não pode ser estimado devido ao tempo de observação. Ainda serão décadas para obtermos resultados de desfechos diretos, e não somente de marcadores indiretos. No entanto, esta limitação não deve ser vista como uma barreira à prevenção através da vacina. Ao contrário, será esta experiência que não só determinará o real papel da vacina, como as estratégias epidemiológicas de imunização em massa.

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