Artigo: Overwhelming Postsplenectomy Infection: A Prospective Multicenter Cohort Study
Autores: Christian Theilacker e mais
Local:Splenectomy, Pneumococcus, and Fulminant Infection (SPLEEN OFF) Study Group – Alemanha
Fonte:Clinical Infectious Diseases 2016;62(7):871–8
O estudo:Estudo de coorte realizado em 173 UTIs alemãs, incluindo paciente com sepse grave/choque séptico, comparando as características daqueles com asplenia ou presença de baço. A partir do coorte, foram pareados 52 pacientes com sepse e asplenia (remoção ou funcional), e 52 com sepse sem asplenia. Já nas características dos pacientes observam-se diferenças entre os grupos, o que é natural. O IMC de asplênicos foi mais baixo (24kg/m2 [22–27] x 28kg/m2 [23–34]), história de neoplasia e vacinação pévia para pneumococo e Haemophyllus influenzae B.
Resultados: Os estudos mostram algumas características que diferenciam a sepse em asplênicos e não asplênicos. Entre as apresentações clínicas, mostraram-se mais frequentes nos asplênicos a sepse sem foco ( 12% x 0%), a presença de Purpura fulminans (19% x 5%
) e a gravidade pelo escore SOFA. Neste último caso, houve diferença estatisticamente significante, mas ao observarmos a
diferença entre as medianas de SOFA (10 [8–13] x 11 [8–14]), perceberemos que não é possível discriminar os grupos pela severidade, tratando -se de alguma forma de um artefato estatístico (análise univariada ou baixo número de amostra). Já nos não asplênicos foram mais comuns a pele/partes moles como foco primário (0% x 12%) e o maior tempo em ventilação mecânica, contrastando com a gravidade observada pelo critério SOFA.
Análise multivariada buscando análise de fatores de risco para sepse pneumocócica mostraram como variáveis independentes a idade (significância limiar), IMC<20 kg/m2 e a asplenia (OR=3,97).
Comentários: O estudo não visa abordar o risco de sepse após esplenectomia. O interesse está em indicar fatores de risco e variáveis que indiquem terapêutica diferenciada em pacientes com sepse de acordo com presença ou não de baço. O estudo tem um número de amostras pequeno, mas os autores relatam, com razão, a dificuldade de inclusão de pacientes devido à pequena frequência de eventos. Não conseguiram diferenciar também sepse precoce e tardia com relação à esplenectomia.
Ainda assim o estudo é interessante. A ocorrência de Purpura fulminans (Figura obtida de http:http://www.consultantlive.com/) foi maior que aquela encontrada em não asplênicos e na literatura em geral para sepse pós-esplenectomia. Outros parâmetros de gravidade foram mais controversos. De toda forma, a Purpura fulminans é um marcador de gravidade e de certa forma indica a velocidade de eventos e a necessidade de intervenção rápida.
Outro fato curioso, não explicado no estudo, é a falta de significância da vacinação prévia para pneumococo em pacientes com e sem sepse pneumocócica. Na verdade, o tipo de estudo realizado não permite esta avaliação.
A sepse pós-esplenectomia, ainda que incomum, é um assunto que deve ser de conhecimento de todos aqueles que trabalham em Serviços de Emergência e UTI.
Marcado:Esplenectomia, Pneumococo, Sepse
Deixe um comentário