Arquivo da tag: Transmissibilidade

Excreção do HCV em soropositivos

Artigo: Shedding of Hepatitis C Virus Into the Rectum of HIV-infected Men Who Have Sex With Men

virus detected 2Autores: Andrew L. Foster e mais

Local: Mount Sinai, New York. USA

Fonte: Clinical Infectious Diseases 2017;64(3):284–8

Estudo: A transmissão sexual do HCV é tida como baixa, mas o risco não é ausente. Este estudo teve como objetivo analisar a excreção retal de HCV em homens que Continuar lendo

Transmissibilidade da tuberculose

Artigo: Cough Aerosols of Mycobacterium tuberculosis in the Prediction of Incident Tuberculosis Disease in Household Contacts

Autores: Edward C. Jones-López e maisimage003

Local: Uganda/Estados Unidos

Referência: Clinical Infectious Diseases 2016;63(1):10–20

O estudo: Estudo retrospectivo abordando 85 pacientes com tuberculose bacilífera em Uganda e seus 395 contactuantes. Todos os pacientes foram analisados quanto à baciloscopia, intensidade da tosse e a quantidade de bacilos presentes na cultura do escarro através de aerossolização. Esta quantidade foi estratificada em: (1) aerosol-negativa; (2) Baixa contagem-aerosol (1–9 CFUs); ou (3) alta contagem-aerosol (≥10 CFUs). O desfecho primário utilizado foi a conversão do teste tuberculínico (TST) e do ensaio de interferon (IGRA) em seis semanas.

Resultados: A tuberculose clínica foi diagnosticada em três contactuantes Continuar lendo

Prions e doenças neurológicas: Alzheimer e Parkinson são transmissíveis?

Artigo:  Is there a risk of prion‑like disease transmission by Alzheimer or Parkinson‑associated protein particles?

Autores:  Michael Beekes, Achim Thomzig, Walter J. Schulz-Schaeffer, Reinhard Burger

Local:  University Medical Center Goettingen

Fonte:  Acta Neuropathol. 2014; 128(4): 463–476.

A revisão:  Este artigo de revisão é particularmente abrangente, abordando desde o mecanismo de infecção e transmissão de príons, até os aspectos clínicos e epidemiológicos.

As evidências para associação entre Doença de Alzheimer (DA) e príons são cada vez mais fortes. Em 80% dos casos é possível observar-se acúmulo amiloide e também acúmulo de agregados de TAU, que não é um achado específico. No caso da Doença de Parkinson (DP), a doença tem um padrão de progressão típico, geralmente mostrando progressão por áreas contíguas, e há também deposição e acúmulo de proteínas (PrPTSE).

A| grande questão para o infectologista é: estas doenças são transmissíveis? Os elementos que hoje dispomos são:

  1. As doenças classicamente causadas por príons são transmissíveis
  2. Experimentos com animais (roedores) mostraram que é possível a recuperação, em animais expostos, de proteínas alteradas, que estão associadas a formas familiares de DA, DP e demência frontotemporal.
  3. Nenhum destes estudos com roedores mostrou evidência cerebral de neurodegeneração cerebral, declínio cognitivo ou desenvolvimento de doença fatal.

Estes achados foram muito parecidos com aqueles encontrados em estudos realizados com primatas, que são um modelo mais adequado. As proteínas pesquisadas foram a TAU e α‑Synucleina.

tumblr_ml3gobAjZq1rlxtnvo1_540Estudos epidemiológicos não sugerem a transmissão inter-humanos. Um destes estudos foi realizado com 6000 hemofílicos, mostrando que mesmo os politransfundidos não apresentavam maior risco de doenças neurodegenerativas.

Comentários: Hoje existem evidências cada vez maiores da associação de príons (ou proteínas similares a príons) com doenças neurológicas comuns, como a DP e alguns casos de DA. Mesmo a temida Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) parece ser causada por proteínas autorreplicativas. Caso confirmado, este assunto será particularmente importante para o infectologista que deverá se envolver no conhecimento e recomendações a respeito da transmissibilidade destas doenças. A evidência atual é de que não há transmissão, mas é necessário acompanhamento bem próximo da literatura, que deverá elucidar este assunto definitivamente nos próximos recentes anos.