Arquivo da tag: Profilaxia

Recomendações para antibioticoterapia no trauma

Artigo: Systematic Review of the Literature and Evidence-Based Recommendations for Antibiotic Prophylaxis in Trauma: Results from an Italian Consensus of Experts

feature_traumaAutores: Daniele Poole, Arturo Chieregato e mais

Local: Italia

Fonte: PlosOne 2014;9(11): e113676

Recomendações: A antibioticoprofilaxia em trauma muitas vezes é recmendada tendo como base a “experiência pessoal”, o “risco dos pacientes” e as “condições higiênicas” do trauma.

Os autores foram muito felizes ao  propor esta revisão sistemática, ainda que limitada, mas tiveram o cuidado de mostrar que muitos destes pacientes ficarão expostos a riscos de infecção (procedimentos invasivos, permanência em UTI) por tempo prolongado, e após certo tempo de uso, o risco associado à antibioticoterapia suplantará os benefícios.

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Sua revisão teve grande Continuar lendo

Antibioticoprofilaxia em cirurgia para implante mamário: interpretando a evidência

Artigo: Antibiotic prophylaxis in prosthesis-based mammoplasty: A systematic review

Autores:  Naisi Huang, Mengying Liu, Peirong Yu, Jiong Wu

Local:  Fudan University, Shanghai, China e MD Anderson Cancer Center, University of Texas, Houston, United States

Fonte:  International Journal of Surgery 15 (2015) 31-37

O estudo:  Os autores realizaram revisão sistemática de artigos avaliando a ocorrência de infecção de sítio cirúrgico e contratura capsular em mulheres submetidas a mamoplastias com implante de prótese. Os estudos deveriam ter infecção como desfecho, ter grupo controle e intervenção, e ter uso de antimicrobianos exclusivamente para profilaxia.

Resultados:  A revisão gerou a análise de 13 estudos. Destes, três analisaram o uso de antibioticoterapia x placebo. Cinco compararam profilaxia<24h x profilaxia estendida (48-72h). Outros estudos Continuar lendo

Profilaxia para celulite de repetição

Artigo:  Antibiotic prophylaxis for preventing recurrent cellulitis: a systematic review and meta-analysis.

Autores:  Oh CC, Ko HC, Lee HY, Safdar N, Maki DG, Chlebicki MP.

Local:  Singapura e Wisconsin, EUA

Fonte:  J Infect. 2014 Jul;69(1):26-34.

1009xrds_bacteria_articleO estudo:  O autor realizou revisão sistemática da literatura abordando celulite de repetição e antibioticoprofilaxia.

Resultados:  Surpreendentemente somente 5 estudos atingiram os critérios para análise, apesar da frequência da doença e sua importância. O risco relativo encontrado foi de Continuar lendo

Infecções associadas a animais domésticos

dog_kissing_-2-600x400Os animais domésticos estão cada vez mais dentro da vida das pessoas. Não só numa função utilitária, mas afetiva. Existe uma nova ética na relação entre homens e animais. Uma nova mentalidade. Independente das grandes evoluções que esta relação comporta, uma maior integração do ser humano com seu ambiente, é importante a análise de alguns aspectos que surgem como efeito colateral desta nova forma de relação.

Cães e gatos não são seres humanos, têm necessidades específicas e, o que nos interessa neste momento, apresentam uma ecologia diferente dos seres humanos. Carregam uma microbiota própria à qual estão habituados e que não necessariamente se adapta da mesma forma ao ecossistema humano. Ao humanizarmos os animais, incorporarmos nossos hábitos e intimidades à rotina destes animais, estamos nos expondo (e expondo aos animais) a uma quebra de paradigma evolucionária, microbiológica. Existem riscos associados à forma com que estamos lidando com os animais?

Infecções tradicionalmente associadas aos animais domésticos

Alguns riscos são conhecidos, entre eles o de doenças hoje controláveis através de imunização (ex. raiva, leptospirose), aquelas cujos cães são hospedeiros (ex. leishmaniose) e principalmente mordeduras e arranhaduras.

Mordeduras – Os animais, tanto cães quanto gatos, apresentam uma microbiota oral diferente dos humanos. Eles podem carrar a Pastereulla multocida, uma bactéria particularmente agressiva para seres humanos. Os riscos de infecção são elevados, e a profilaxia é recomendada de acordo com critérios definidos. Entre estes critérios estão: Continuar lendo

Profilaxia pré-exposição para HIV no mundo real

Artigo:  No New HIV Infections With Increasing Use of HIV Preexposure Prophylaxis in a Clinical Practice Setting

 

Autores:  Jonathan E. Volk, Julia L. Marcus, Tony Phengrasamy,Derek Blechinger, Dong Phuong Nguyen, Stephen Follansbee, e C. Bradley Hare

 

Local:  San Francisco e Oakland, California

 

Fonte:  Clinical Infectious Diseases 2015;61(10):1601–3

 

O estudo:  O objetivo da profilaxia pré-exposição (PrEP) é limitar a infecção pelo HIV em populações de alto risco. Embora diversos estudos tenham sido feitos, de forma controlada, Volk e seus colaboradores decidiram avaliar esta estratégia no “mundo real” utilizando tenofovir/emtricitabine em dose única diária. Neste estudo, eles avaliaram, dentro do programa da Kaiser Permanent, um sistema de saúde da California, a taxa de soroconversão entre pacientes com alto risco de aquisição que espontaneamente procuraram a clínica.

 

Resultados:  De 801 homens avaliados, 657 iniciaram a PrEP. 653 eram HSH (homens que fazem sexo com homens), três mulheres heterossexuais e um transexual. 187 apresentaram pelo menos uma DST no período de avaliação. Nenhuma infecção nova pelo HIV foi diagnosticada. 74% dos pacientes não mudaram seu comportamento durante o período de observação. Uso de preservativos se mostrou inalterado em in 56%, reduzido em 41%, e aumentado em 3%. Toxicidade não foi relatada.

 

Comentários: Este estudo não é uma evidência definitiva da eficácia da PrEP, mas mostra um pouco da adesão e dos possíveis resultados. Não foi um estudo controlado ou desenhado para dar este tipo de resposta. Em teoria, a população atendida demandou, desejou a prevenção, sem abdicar das suas rotinas sexuais. Para esta população selecionada, mais aderente a PrEP se mostrou eficaz, mesmo com uma taxa de contaminação de DSTs alta. O risco de resistência é real, mas está basicamente ligado à baixa adesão. Além disto, resistência não ocorre quando não há vírus replicante no organismo. O principal problema foi visto no estudo. 41% reduziram o uso de preservativo, o que pode, a longo prazo, ofuscar os efeitos da PrEP e aumentar a transmissão de outras doenças. Ou seja, este tipo de estratégia tem que ser bem planejado e acompanhado para não gerar o efeito oposto.

Profilaxia pré-exposição: a evidência

Artigo:  On-Demand Preexposure Prophylaxis in Men at High Risk for HIV-1 Infection

Autores:  J.-M. Molina, C. Capitant, B. Spire, e  ANRS IPERGAY Study Group

Local:  França

Fonte:  N Engl J Med 2015;373:2237-46.

O estudo:  A profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma estratégia muito estudada no momento para se limitar a taxa de transmissão pelo HIV em populações de alto risco. 400 homossexuais foram distribuídos em dois grupos: 201 receberam tenofovir (TDF) emtricitabine (FTC) e 199 placebo.

Resultados:  A média de seguimento foi de 9,1 meses. Foram observadas 16 soroconversões, 2 no grupo TDF+FTC e 14 no grupo placebo, uma redução de 86%. Surpreendentemente, os feitos colaterais “sérios” ocorreram na mesma proporção nos dois grupos, mas os efeitos gastrointestinais e renais foram mais frequentes no grupo teste do que no controle.

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Comentários: Vários estudos, e em particular este seja o mais marcante, mostram a eficácia da PrEP. No entanto, a eficácia não é de 100%, provavelmente devido a uma baixa adesão. Em média os pacientes tomaram 15 doses/mês, e não 30, como seria o esperado. As questões que ficam pendentes e que necessitam maior amadurecimento são: 1) Como será a infecção naqueles pacientes que a adquiriram em uso da profilaxia? 2) Como será o comportamento da população sabendo que há uma profilaxia, os cuidados serão mantidos ou reduzidos?