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Profilaxia pré-exposição para HIV no mundo real

Artigo:  No New HIV Infections With Increasing Use of HIV Preexposure Prophylaxis in a Clinical Practice Setting

 

Autores:  Jonathan E. Volk, Julia L. Marcus, Tony Phengrasamy,Derek Blechinger, Dong Phuong Nguyen, Stephen Follansbee, e C. Bradley Hare

 

Local:  San Francisco e Oakland, California

 

Fonte:  Clinical Infectious Diseases 2015;61(10):1601–3

 

O estudo:  O objetivo da profilaxia pré-exposição (PrEP) é limitar a infecção pelo HIV em populações de alto risco. Embora diversos estudos tenham sido feitos, de forma controlada, Volk e seus colaboradores decidiram avaliar esta estratégia no “mundo real” utilizando tenofovir/emtricitabine em dose única diária. Neste estudo, eles avaliaram, dentro do programa da Kaiser Permanent, um sistema de saúde da California, a taxa de soroconversão entre pacientes com alto risco de aquisição que espontaneamente procuraram a clínica.

 

Resultados:  De 801 homens avaliados, 657 iniciaram a PrEP. 653 eram HSH (homens que fazem sexo com homens), três mulheres heterossexuais e um transexual. 187 apresentaram pelo menos uma DST no período de avaliação. Nenhuma infecção nova pelo HIV foi diagnosticada. 74% dos pacientes não mudaram seu comportamento durante o período de observação. Uso de preservativos se mostrou inalterado em in 56%, reduzido em 41%, e aumentado em 3%. Toxicidade não foi relatada.

 

Comentários: Este estudo não é uma evidência definitiva da eficácia da PrEP, mas mostra um pouco da adesão e dos possíveis resultados. Não foi um estudo controlado ou desenhado para dar este tipo de resposta. Em teoria, a população atendida demandou, desejou a prevenção, sem abdicar das suas rotinas sexuais. Para esta população selecionada, mais aderente a PrEP se mostrou eficaz, mesmo com uma taxa de contaminação de DSTs alta. O risco de resistência é real, mas está basicamente ligado à baixa adesão. Além disto, resistência não ocorre quando não há vírus replicante no organismo. O principal problema foi visto no estudo. 41% reduziram o uso de preservativo, o que pode, a longo prazo, ofuscar os efeitos da PrEP e aumentar a transmissão de outras doenças. Ou seja, este tipo de estratégia tem que ser bem planejado e acompanhado para não gerar o efeito oposto.

Profilaxia pré-exposição: a evidência

Artigo:  On-Demand Preexposure Prophylaxis in Men at High Risk for HIV-1 Infection

Autores:  J.-M. Molina, C. Capitant, B. Spire, e  ANRS IPERGAY Study Group

Local:  França

Fonte:  N Engl J Med 2015;373:2237-46.

O estudo:  A profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma estratégia muito estudada no momento para se limitar a taxa de transmissão pelo HIV em populações de alto risco. 400 homossexuais foram distribuídos em dois grupos: 201 receberam tenofovir (TDF) emtricitabine (FTC) e 199 placebo.

Resultados:  A média de seguimento foi de 9,1 meses. Foram observadas 16 soroconversões, 2 no grupo TDF+FTC e 14 no grupo placebo, uma redução de 86%. Surpreendentemente, os feitos colaterais “sérios” ocorreram na mesma proporção nos dois grupos, mas os efeitos gastrointestinais e renais foram mais frequentes no grupo teste do que no controle.

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Comentários: Vários estudos, e em particular este seja o mais marcante, mostram a eficácia da PrEP. No entanto, a eficácia não é de 100%, provavelmente devido a uma baixa adesão. Em média os pacientes tomaram 15 doses/mês, e não 30, como seria o esperado. As questões que ficam pendentes e que necessitam maior amadurecimento são: 1) Como será a infecção naqueles pacientes que a adquiriram em uso da profilaxia? 2) Como será o comportamento da população sabendo que há uma profilaxia, os cuidados serão mantidos ou reduzidos?