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Síndrome autoimune/inflammatória induzida por adjuvantes (ASIA)

Artigos:  1) Watad, A e mais – Autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvants (Shoenfeld’s syndrome) – An update.immune-system_77638954 Lupus 2017; 1: 1-7

2) Carlo Perricon – Autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvants (ASIA) 2013: Unveiling the pathogenic, clinical and diagnostic aspects.  Journal of Autoimmunity 47 (2013) 116 .

Estas revisões sintetizam dados clínicos sobre uma síndrome nova, descrita em 2011: a Síndrome autoimune/ inflamatória induzida por adjuvantes  (Autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvants -ASIA). É uma condição sistêmica, caracterizada por cinco condições imunomediadas, desencadeadas por Continuar lendo

Preparando pacientes para o uso de imunobiológicos

Artigo: A guide to preparation of patients with inflammatory bowel diseases for anti-TNF-a therapy


Autores
:  Júlio Maria Fonseca Chebli,  Pedro Duarte Gaburri, Liliana Andrade Chebli, Tarsila Campanha da Rocha Ribeiro, André Luiz Tavares Pinto, Orlando Ambrogini Júnior e Adérson Omar Mourão Cintra Damião

Local:  Division of Gastroenterology, Inflammatory Bowel Disease Center, Federal University of Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brazil; Division of Gastroenterology, Federal University of São Paulo (UNIFESP), School of Medicine, São Paulo, Brazil, Laboratory of Medical Investigation (LIM 07), University of São, Paulo Medical School, Hospital das Clínicas, São Paulo, Brazil

Fonte:  Med Sci Monit, 2014; 20: 487-498

5149398656_ec327ba69d_o.2e16d0ba.fill-48x48_esgINbTO guideline:  Trata-se de uma revisão sistemática que procura concluir e sistematizar a triagem infecciosa em pacientes que serão submetidos ao uso de imunobiológicos. Resumidamente, destacam-se:

Tuberculose

A tuberculose é a doença mais associada ao uso de imunobiológicos, especialmente aqueles anti-TNF. Este é um problema ainda mais sério no Brasil, país de alta incidência da doença. Por isto, a triagem e tratamento da infecção latente devem preceder o uso dos imunobiológicos. Além dos dados clínicos, são recomendados o PPD e um dos novos testes (IGRA), incluindo o quantiferon. A conduta, basicamente o tratamento da infecção latente com isoniazida, pode ser vista na figura.

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HBV

A hepatite B pode ser exacerbada com uso de imunobiológicos. A sorologia deve preceder seu uso. Os soronegativos devem ter o esquema completo da vacina administrado antes do uso do imunobiológico. Para os vacinados, recomenda-se que estejam com títulos de anticorpos >10U para proteção. Se os títulos forem inferiores, é recomendado um reforço vacinal. Os HBsAg positivo devem ter esquema antiviral iniciado uma a três semanas antes do uso do imunobiológico. Os autores recomendam tenofovir+entecavir devido ao menor impacto na resistência.

HCV

Os autores relatam que a coexistência do HCV com terapia com imunobiológicos é infrequente. No momento da publicação do guideline, os novos esquemas, hoje padronizados, ainda não estavam disponíveis. A experiência dos infectologistas mostra que a coexistência de imunodepressão com infecção pelo HCV mostra grande aumento de risco de doença hepática. Por esta razão, as novidades que aconteceram após a publicação, seria necessária uma atualização do guideline neste tópico específico, analisando o tratamento prévio com a terapia interferon-free.

HIV

A pesquisa da soropositividade para HIV é recomendada. Para os soropositivos, os autores afirmam que é seguro o uso de imunobiológicos em pacientes em supressão viral. Cabe lembrar que após os resultados do estudo START em 2015, a indicação de início de antirretrovirais foi alargado, favorecendo o uso nesta população específica.

VACINAÇÂO

Os autores recomendam a pesquisa do histórico vacinal e mostraram referência às recomendações do IDSA para vacinação em imunodeprimidos. As vacinas abordadas com maior ênfase são: varicela-zoster e influenza.

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Uveítes: como investigar?

Artigo:  Uveitis Evaluation and Treatment

Autores:  Robert H Janigian, Jr, Hampton Roy e mais

FonteMedscape

O estudo:  Frequetemente casos de uveíte são encaminhadas para o infectologista, como se fossem causadas por toxoplasma, decisão feita somente pela presença de um IgG positivo. Chegam com tratamento sub-ótimo (Sulfametoxazol-trimetoprim). No entanto, as uveítes podem ser doenças graves e merecem uma abordagem bastante lúcida e detalhada, que é a proposta desta publicação.

Pontos críticos: Separei e adaptei aqui a classificação, agentes mais prováveis e investigação como destaque (resumidos).

 

Classificação Condições associadas Causas prováveis Investigação
Uveíte anterior
Aguda, intensa, com ou sem hipopion fibrinoso Nenhuma Idiopática, inflamatória não-infecciosa e associada ao HLA-B27. Depende do exame clínico e histórico.
Artrite, dor lombar, sintomas genitourinários. Espondiloartropatias soronegativas HLA-B27, exames de imagem da sacroilíaca
Úlceras aftosas Doenças de Behcet HLA-B5, HLA-B51
Pós-cirúrgico Endoftalmite Avaliação oftalmológica
Medicação Rifabutina
Dendrite córnea, atrofia setorial da íris Herpes
Resposta ruim aos corticoides ou epidemiologia Sífilis Sorologia
Dor ou vermelhidão de moderada/grande intensidade Nenhuma Idiopática Depende do exame clínico e histórico.
Pós-cirúrgico Endoftalmite Avaliação oftalmológica
Medicação Etidronato,

metipranolol,

latanoprost

Epidemiologia presente Tuberculose Quantiferon ou PPD para descartar casos
Criança, especialmente com artrite
Crônica, sinais mínimos de dor ou vermelhidão Nenhuma Idiopática, Doença de Lyme Sorologia para Doença de Lyme
Pós-cirúrgico Endoftalmite Avaliação oftalmológica
Heterocromia difusa, precipitado queratico unilateral Uveíte de Fuchs Nenhuma
Uveíte intermediária
Geral Depende da história clínica Idiopática ou associada a doenças sistêmicas (Sarcoidose, Doença de Lyme, Esclerose Múltipla, sífilis, doença inflamatória intestinal, doença de Whipple, Linfoma) Depende da história clínica

 

Para as uveítes posteriores, em especial a vasculite de retina, os autores propões um fluxograma, que é onde entra a toxoplasmose:

 

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Manifestações orais de doenças infecciosas, alérgicas e imune-mediadas

Artigo:  Oral Manifestations of Allergic, Infectious, and Immune-mediated Disease

Autores:  Gregory M. Cowan,e Richard F. Lockey

Local:  Tampa, Florida

Fonte:  J Allergy Clin Immunol Pract 2014;2:686-96

Artigo de revisão:  O artigo revisa as principais causas de lesões orais, especialmente os vesiculo-bolhosos e úlceras aftosas. Dentre as causas revisadas:

Medicamentos

  1. Xerostomia (Pode ser causada por polifarmácia, omeprazol, indinavir, cloreto de trospium, tramadol, didanosina, loratadina, e cetirizina.
  2. Ulceração de mucosa e necrose epitelial (Peróxido de hidrogênio, cápsulas de potássio, medicamentos que contêm fenol, sulfonamidas, barbituratos,β-bloqueadores, AINES, fenolftaleina, dapsona, salicilatos, tetraciclina e quimioterápicos).
  3. Hiperplasia gengival (Hidantoína, inibidores de canais de cálcio, valproato sódico e ciclosporina).
  4. Sangramento gengival (Anticoagulantes, alguns anti-depressivos, anti-hpertensivos e antia-alérgicos).
  5. Reações associadas à eosinofilia e Síndrome de Steven-Johnson são reações alérgicas sistêmicas, graves, que podem afetar a mucosa oral.

Infecções

  1. Herpes, varicela-zoster, sífilis (nos três estágios, mais frequentemente úlceras na mucosa ou na língua na sífilis primária), HPV.
  2. Lesões associadas à infecção pelo HIV (Úlceras recorrentes, herpes, Sarcoma de Kaposi, candidíase, leucoplasia pilosa, eritema gengival linear, gengivite ulcerativa necrosante, verrugas orais).

Doenças imune-mediadas

  1. Dermatite alérgica de contato, geralmente associada a implantes
  2. Liquen plano – Lesão aguda manifestada como reticular, atrófica, bolhosa, ou erosiva.
  3. Doença de Chron/colite ulcerativa – Úlceras orais podem ser a manifestação inicial, única. Podem acompanhar linfadenopatia submentoniana, eritema perioral, abscessos bucais recorrentes e queilite angular.
  4. Estomatite aftose recorrente
  5. Doença de Behcet – Úlceras orais recorrentes acompanhadas de úlceras genitais, uveíte e lesões cutâneas.
  6. Síndrome de Sweet – Eventualmente úlceras orais podem acompanhar esta doença, caracterizada por febre, leucocitose e lesões cutâneas eritematosas dolorosas.
  7. PFAPA – Episódios recorrentes de febre, faringite e úlceras orais em crianças pequenas, que vão melhorando com o tempo.pfapa
  8. Síndrome de Sjögren – Apresenta-se como xerostomia e as manifestações decorrentes.
  9. Lupus eritematoso sistêmico – Ocorre em 45% dos pacientes com LES. A lesão mais característica é discoide, com uma área de ulceração bem demarcada e atrofia ou eritema, cercados por área de estrias esbranquiçadas.
  10. Pênfigo – Pode anteceder a doença cutânea. Úlceras orais de repetição que podem apresentar bolhas o sinal de Nikolsky.

Outros

Doenças dentárias, gengivites e neoplasias

 

 

Comentários: Esta é uma pequena revisão interessante sobre um assunto que frequentemente chega ao consultório do infectologista.