Arquivo da tag: Diarreia

Giardíase, crescimento e desenvolvimento

Artigo:A Prospective Longitudinal Cohort to Investigate the Effects of Early Life Giardiasis on Growth and All Cause Diarrhea

canstockphoto2271851-1024x768Autores: Jeffrey R. Donowitz e mais

Local: Estados Unidos

Fonte: Clinical Infectious Diseases 2016;63(6):792–7

Estudo: Os autores analisaram a relação entre aquisição precoce da Giardia lamblia (<6 meses de idade) acompanhada de persistência (exames mensais das fezes) e o prejuízo no crescimento das crianças. Ao mesmo tempo analisaram se a persistência da giardíase seria protetora contra outros tipos de diarreia infecciosa. Para demonstrar a relação realizaram coorte prospectivo com 629 crianças entre 2008 e 2012 em Bangladesh.

Resultados: 445 crianças completaram o Continuar lendo

Duração da imunidade a Norovírus

Artigo: Duration of Immunity to Norovirus Gastroenteritis

Autores: Kirsten Simmons, Manoj Gambhir, Juan Leon, e Ben Lopman

immunodeficiency-disordersLocal: Emory University,Atlanta, Georgia, USA ; Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta; e Imperial College London, London, UK

Fonte: Emerging Infectious Diseases 2013; Vol. 19, No. 8: 1260.

Estudo: Apesar da alta prevalência de anticorpos contra norovírus, a doença é extremamente frequente, sugerindo duração não tão prolongada da imunidade.Acredita-se que dure entre 6 meses e dois anos. Mutações no gene FUT2, presentes em 20% dos europeus, também parece conferir proteção. Os autores realizaram um estudo epidemiológico baseado em comunidade,  buscando determinar história natural da doença e duração da imunidade. O desenho do estudo é complexo. Os autores desenvolveram alguns modelos tentando  compreender as relações entre os indivíduos, classificados em: 1) suscetível à infecção e doença  (S), 2) e exposto mas ainda sem sintomas (E), 3) infectado com sintomas (I), 4) infectado mas assintomático (A), e 5) imune à doença, mas não à infecção(R).No modelo D, foram incluídos indivíduos geneticamente resistentes à infecção (G). Os autores Continuar lendo

Loperamida e diarreia aguda: Dois pontos de vista

Estamos acostumados a dizer que não utilizamos medicamentos anti-diarreicos, como a istock_000008658139mediumloperamida, pelo risco de perfuração intestinal, no caso de diarreia bacteriana (ou diarreia do viajante, segundo a  literatura americana). Tal risco não é citado para a diarreia não inflamatória, ou “alta”. As perguntas que devem ser feitas são: 1) O risco de perfuração está bem evidenciado? 2) Caso o risco seja baixo ou irrelevante, há benefício no uso de antidiarreicos como a loperamida?

Loperamida está associada a eventos adversos graves?

A Loperamida é um agonista opioide com ação periférica. Ela possui diversas Continuar lendo

Clostridium difficile: o inimigo em casa

ArtigoClostridium difficile infection in the community: a zoonotic disease?

Autores:  M. P. M. Hensgens, E. C. Keessen e mais

Local:  Australia e Holanda

FonteClin Microbiol Infect 2012; 18: 635–645

O estudo: Os autores revisaram sistematicamente a literatura referente a diversas fontes de aquisição da doença associada ao .C.difficile  (DACD) na comunidade.

Resultados:  Os resultados mais marcantes são
– A DACD de origem comunitária ocorre em pacientes mais jovens, mesmo sem uso de antimicrobianos (em um estudo, somente 36% dos pacientes). Os autores citam associação com doença péptica, algo que hoje sabemos que possivelmente está associado ao uso de inibidores de bomba ou eventualmente a outros medicamentos que alteram o pH do estômago.

– Os ribotipos mais associados à doeça de origem comunitária foram o 078 e o 001, já nas infecções nosocomiais foi o 027.

Relação com animais domésticos: 39,5% dos cães e gatos Continuar lendo

Suscetibilidade individual a vírus entéricos: Uma meta-análise a respeito de outro olhar

Artigo:  Host Genetic Susceptibility to Enteric Viruses: A Systematic Review and Metaanalysis

Autores:  Anita Kambhampati, Daniel C. Payne e mais

Local:  CDC

Fonte:  Clinical Infectious Diseases 2016;62(1):11–18

antibodyO estudo: Os vírus entéricos se ligam a antígenos hemo-entéricos (HBGA – oligossacarídeos expressos em células do trato digestivo e respiratório), associados ao gene fucosyltransferase 2 (FUT2). Indivíduos com expressão funcional de FUT2 são denominados “secretores”. O polimorfismo de  FUT2 influencia a ligação de vírus às células e, consequentemente, determina a suscetibilidade a estas infecções. Estudos prévios realizados durante surtos de infecções causadas por norovírus e rotavírus mostraram associação entre fenótipo de HBGA e manifestação da doença. Os autores realizaram meta-análise no intuito de se sintetizar a evidência disponível.

Resultados:  Os autores selecionaram artigos que analisaram a associação entre as variantes do gene FUT2 e a ocorrência de infecções entéricas por norovírus ou rotavírus. 52 artigos com análise Continuar lendo

Associação entre uso de inibidores de bomba e infecção pelo Clostridium difficile

Artigo:  Association Between Proton Pump Inhibitor Therapy and Clostridium difficile Infection in a Meta-Analysis

Autores:  ABHISHEK DESHPANDE, CHAITANYA PANT, e mais

Local:  Índia e EUA

Fonte:  CLINICAL GASTROENTEROLOGY AND HEPATOLOGY 2012;10:225–233

O estudo:  Revisão sistemática associando uso de inibidores de bomba, como omeprazol e pantoprazol, à ocorrência de doenças caudas pelo C. difficile (DACD).

Resultados:  30 estudos foram incluídos para análise quantitativa, não restrito às infecções adquiridas no hospital, apesar de que a maioria deles foi associado à aquisição nosocomial.  Tanto nos estudos de coorte, como nos Continuar lendo

Rotavírus: Status sorológico materno e resultados da imunização

Artigo:  Prevaccination Rotavirus Serum IgG and IgA Are Associated With Lower Immunogenicity of Live, Oral Human Rotavirus Vaccine in South African Infants.

Autores:  Sung-Sil Moon, Michelle J. Groome, e mais

Local:  África do Sul e CDC

Fonte:  Clinical Infectious Diseases 2016;62(2):157–65

antibodyO estudo:  A vacina para rotavírus possui eficácia na América do Norte e Europa variando de 85 a 98%. Já nos países com menos recursos da Ásia, África e América Latina as cifras variam de 40 a 70%. Buscando tentar compreender esta diferença, os autores selecionaram crianças imunocompetentes que receberam a vacina para rotavírus aos 6 e 14 semanas de idade (juntamente com a vacina pneumocócica). Sangue das crianças para titulação de IgG e  IgA contra rotavírus foi coletado imediatamente antes de cada dose e um mês após a segunda dose. Leite e sangue das mães foram coletados antes de cada dose da vacina para dosagem de IgG e IgA contra rotavírus.

Resultados:  Os autores perceberam que quanto maiores os títulos de IgG séricos pré-imunização, Continuar lendo

Sushi or not sushi?

Artigo:  Infections from Eating Raw or Undercooked Seafood

Autores:  Alice Schauer Weissfeld

Local:  Microbiology Specialists Incorporated, Houston, Texas

Fonte: Clinical Microbiology Newsletter 36:3,2014

A revisão e comentários:  Esta pequena revisão visa elucidar o que existe hoje com relação a produtos marinhos crus ou mal cozidos, como sushis e sashimis. Antes de entrar nos riscos, a autora tece alguns comentários:

– Epidemiologia: Nos EUA estima-se que ocorram anualmente 76 milhões de casos doenças transmitidas através de alimentos. Alimentos marinhos respondem por 10-19% dos casos. O agente é identificado em 44% dos episódios, sendo que metade destes são relacionados a algum vírus. sushi.jpg

– Os tipos de agentes relacionados ao consumo de peixes crus de água doce são diferentes daqueles de água salgada, assim como moluscos e crustáceos.

– Moluscos são particularmente complicados, porque eles filtram a água, retêm e concentram microrganismos.

Doenças transmitidas por mariscos

– Norovírus – um dos principais causadores de Continuar lendo