Arquivo da tag: Coriorretinite

Toxoplasmose ocular pós-natal

ArtigoOcular Involvement Following Postnatally Acquired Toxoplasma gondii Infection
in Southern Brazil: A 28-Year Experience

8-blueAutoresTIAGO E.F. ARANTES, CLAUDIO SILVEIRA, GARY N. HOLLAND, CRISTINA MUCCIOLI, FEI YU, JEFFREY L. JONES, RAQUEL GOLDHARDT, KEVAN G. LEWIS, e RUBENS BELFORT, JR

LocalErechim, Rio Grande Do Sul, Brasil; Universidade Federal de São Paulo e Estados Unidos

FonteAm J Ophthalmol 2015;159(6): 1002–1012

Estudo: Este assunto é muito importante, já discutido aqui previamente, uma vez que a doença é frequente, habitualmente não tratada, e o diagnóstico da retinite/ uveíte posterior muitas vezes é feito baseado numa sorologia, IgG, de difícil interpretação nestes casos. Os autores sistematizaram sua experiência em Erechim, RS, cidade onde 85% da população tem evidência de infecção por toxoplasma, e 17,7% Continuar lendo

Toxoplasmose ocular: profilaxia secundária

Artigo: The Impact of Short-Term, Intensive Antifolate Treatment (with Pyrimethamine and Sulfadoxine) and Antibiotics Followed by Long-Term, Secondary Antifolate Prophylaxis on the Rate of Toxoplasmic Retinochoroiditis Recurrence.

8-blueAutores: Piotr K. Borkowski e mais.

Local: Polônia

ReferênciaPLOS Neglected Tropical Diseases – DOI:10.1371/journal.pntd.0004892 -2016

Estudo: Os autores decidiram analisar o uso de profilaxia secundária (após episódio inicial) na prevenção da recorrência da coriorretinite causada pelo Toxoplasma gondii.  Trata-se de estudo retrospectivo, onde foram analisados os registros de 637 pacientes com diagnóstico de toxoplasmose ocular entre 1994 e 2013.  Todos os pacientes foram tratados com sulfadoxina 500mg / pirimetamina 25mg (após dose de ataque) por 21 dias.  A partir do segundo dia os pacientes recebiam prednisona 40mg e espiramicina por seis dias, seguida de azitromicina por dez dias.  Recorrência foi definida como presença de novo foco inflamatório à fundoscopia no mesmo olho da infecção inicial, acompanhada de exsudato. Os pacientes que receberam profilaxia secundária foram recomendados a tomar um comprimido semanal de sulfadoxina 500mg + pirimetamina 25mg por seis meses.

Resultados: A profilaxia secundária foi utilizada por 564 pacientes, com 303 recorrências, a maioria em três anos após o episódio inicial. Nenhum paciente teve recorrência após dez anos de observação. A probabilidade de recorrência foi Continuar lendo

Zika Virus e manifestações oculares

Dois estudos bastante recentes mostraram o acometimento ocular em bebês microcefálicos, com doença presumivelmente atribuída ao zika vírus.

Arquivos Brasileiros de Oftalmologia

Camila Ventura, Mauricio Maia e mais  – Ophthalmological findings in infants with microcephaly and presumable intra-uterus Zika virus infection. Arquiv Bras Oftalmol 2016; 79(1): 1-3

Os autores deste primeiro estudo, realizado em Recife com participação de  oftalmologistas da UNIFESP realizaram fundoscopia de crianças que nasceram com microcefalia, presumivelmente associada ao zika vírus. As retinas de 10 crianças foram avaliadas. Alterações maculares e de nervo ótico foram constatados em 17 olhos (85%).

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JAMA Ophtalmology

Bruno de Paula Freitas; João Rafael de Oliveira Dias e mais – Ocular Findings in Infants With Microcephaly Associated With Presumed Zika Virus Congenital Infection in Salvador, Brazil. JAMA Ophthalmol. Published online February 09, 2016.

Este artigo, realizado em Salvador também com participação da UNIFESP mostraram os resultados da análise de 31 casos presumivelmente associados ao Zika vírus na Bahia. Os resultados são muito parecidos com aqueles descritos em Recife. 10 (34,5%) apresentavam anomalias oculares graves. Os aspectos fundoscópicos eram mais parecidos com aqueles encontrados na toxoplasmose ou na infecção causada pelo Vírus do Oeste do Nilo.

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Comentários: Este dois estudos são pequenos e descritivos, mas bastante oportunos. Existe ainda um grande número de dúvidas quanto ao papel do zika vírus na patogênese da microcefalia, e um grande número de informações desorganizadas que não permitem conclusões e condutas lúcidas. Este tipo de informação agrega – raciocínio, epidemiologia e conduta clínica.

 

Independente da controvérsia, este pequeno estudo mostra que as características da microcefalia – sua associação com coriorretinite – aproxima o atual surto das características das demais doenças infecciosas congênitas (TORCH), fazendo-nos lembrar mais do vírus do oeste do Nilo (não prevalente em nosso meio) e da toxoplasmose.