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Esquema antirretroviral inicial com efavirenz ou dolutegravir

ArtigoComparative efficacy and safety of first-line antiretroviral therapy for the treatment of HIV infection: a systematic review and network meta-analysis

oms-450x392AutoresSteve Kanters, Marco Vitoria, Meg Doherty, Maria Eugenia Socias, Nathan Ford, Jamie I Forrest, Evan Popoff , Nick Bansback, Sabin Nsanzimana,
Kristian Thorlund, Edward J Mills

Local: OMS – Suiça, Ruanda, Canada

Fonte: The Lancet HIV Volume 3, No. 11, e510–e520, November 2016

Estudo: A escolha do esquema inicial da terapia antirretroviral (ARV) leva em conta múltiplos parâmetros, incluindo eficácia clínica e virológica, toxicidade, posologia, população alvo, adesão, resistência, custo. Esta é uma revisão sistemática e meta-análise dos resultados dos diversos ARV, tendo como desfecho vários parâmetros: supressão viral, mortalidade, diagnóstico de doença definidora de AIDS, interrupções, interupções devido a eventos adversos e eventos adversos sérios.
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Resistência aos antirretrovirais na América Latina, 2016

Artigo: Surveillance of HIV Transmitted Drug Resistance in Latin America and the Caribbean: A Systematic Review and Meta-Analysis

Autores:  Santiago Avila-Rios, Omar Sued, Soo-Yon Rhee, Robert W. Shafer, Gustavo Reyes-Teran, Giovanni Ravasifoto_25112015111143

Local: Centre for Research in Infectious Diseases, Mexico, Clinical Research Section, Huésped Foundation, Buenos Aires, Argentina, Stanford University, Stanford, California, United States of America,  Pan American Health Organization (PAHO), Washington DC, United States of America

FontePLoS ONE 11(6): e0158560. doi:10.1371/journal.pone.0158560

Estudo: Os autores realizaram revisão sistemática sobre a resistência aos antirretrovirais  (ARV)em indivíduos naïve. Os artigos tinham que ter no mínimo 10 indivíduos, possuir a descrição completa, e abordar somente resistência adquirida.

Resultados:Foram selecionados artigos referentes ao Brasil (50), Mesoamerica (17), Cone Sul (16), Andes (8) e Caribe (7). O total de pacientes analisados foi de  11,441. A resistência foi detectada em 7.7% (IC 95%: 7.2%-8.2%). Os estudos abordados apresentaram características diferentes (Tempo de infecção, ano de Continuar lendo

Em rumo à cura da infecção causada pelo HIV

Artigo: International AIDS Society global scientific strategy: towards an HIV cure 2016

Autores: Steven G Deeks & International AIDS Society Towards a Cure Working Group

Local: Multicêntricofoto_25112015111143

FonteNature Medicine 2016;22(8):

O programa “Towards an HIV Cure” da International AIDS Society (IAS) foi estabelecido em 2010. Esta revisão aborda os avanços e lacunas de conhecimento para o estabelecimento da cura da infecção pelo HIV. Alguns pontos de interesse são destacados neste pequeno resumo.

Definição

A definição ótima seria a completa erradicação do  vírus no organismo, mas mediante a tecnologia hoje disponível, esta meta é tida como difícil de ser atingida impraticável de ser comprovada. O desfecho mais palpável atualmente seria a Continuar lendo

Profilaxia pré-exposição para HIV no mundo real

Artigo:  No New HIV Infections With Increasing Use of HIV Preexposure Prophylaxis in a Clinical Practice Setting

 

Autores:  Jonathan E. Volk, Julia L. Marcus, Tony Phengrasamy,Derek Blechinger, Dong Phuong Nguyen, Stephen Follansbee, e C. Bradley Hare

 

Local:  San Francisco e Oakland, California

 

Fonte:  Clinical Infectious Diseases 2015;61(10):1601–3

 

O estudo:  O objetivo da profilaxia pré-exposição (PrEP) é limitar a infecção pelo HIV em populações de alto risco. Embora diversos estudos tenham sido feitos, de forma controlada, Volk e seus colaboradores decidiram avaliar esta estratégia no “mundo real” utilizando tenofovir/emtricitabine em dose única diária. Neste estudo, eles avaliaram, dentro do programa da Kaiser Permanent, um sistema de saúde da California, a taxa de soroconversão entre pacientes com alto risco de aquisição que espontaneamente procuraram a clínica.

 

Resultados:  De 801 homens avaliados, 657 iniciaram a PrEP. 653 eram HSH (homens que fazem sexo com homens), três mulheres heterossexuais e um transexual. 187 apresentaram pelo menos uma DST no período de avaliação. Nenhuma infecção nova pelo HIV foi diagnosticada. 74% dos pacientes não mudaram seu comportamento durante o período de observação. Uso de preservativos se mostrou inalterado em in 56%, reduzido em 41%, e aumentado em 3%. Toxicidade não foi relatada.

 

Comentários: Este estudo não é uma evidência definitiva da eficácia da PrEP, mas mostra um pouco da adesão e dos possíveis resultados. Não foi um estudo controlado ou desenhado para dar este tipo de resposta. Em teoria, a população atendida demandou, desejou a prevenção, sem abdicar das suas rotinas sexuais. Para esta população selecionada, mais aderente a PrEP se mostrou eficaz, mesmo com uma taxa de contaminação de DSTs alta. O risco de resistência é real, mas está basicamente ligado à baixa adesão. Além disto, resistência não ocorre quando não há vírus replicante no organismo. O principal problema foi visto no estudo. 41% reduziram o uso de preservativo, o que pode, a longo prazo, ofuscar os efeitos da PrEP e aumentar a transmissão de outras doenças. Ou seja, este tipo de estratégia tem que ser bem planejado e acompanhado para não gerar o efeito oposto.

Profilaxia pré-exposição: a evidência

Artigo:  On-Demand Preexposure Prophylaxis in Men at High Risk for HIV-1 Infection

Autores:  J.-M. Molina, C. Capitant, B. Spire, e  ANRS IPERGAY Study Group

Local:  França

Fonte:  N Engl J Med 2015;373:2237-46.

O estudo:  A profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma estratégia muito estudada no momento para se limitar a taxa de transmissão pelo HIV em populações de alto risco. 400 homossexuais foram distribuídos em dois grupos: 201 receberam tenofovir (TDF) emtricitabine (FTC) e 199 placebo.

Resultados:  A média de seguimento foi de 9,1 meses. Foram observadas 16 soroconversões, 2 no grupo TDF+FTC e 14 no grupo placebo, uma redução de 86%. Surpreendentemente, os feitos colaterais “sérios” ocorreram na mesma proporção nos dois grupos, mas os efeitos gastrointestinais e renais foram mais frequentes no grupo teste do que no controle.

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Comentários: Vários estudos, e em particular este seja o mais marcante, mostram a eficácia da PrEP. No entanto, a eficácia não é de 100%, provavelmente devido a uma baixa adesão. Em média os pacientes tomaram 15 doses/mês, e não 30, como seria o esperado. As questões que ficam pendentes e que necessitam maior amadurecimento são: 1) Como será a infecção naqueles pacientes que a adquiriram em uso da profilaxia? 2) Como será o comportamento da população sabendo que há uma profilaxia, os cuidados serão mantidos ou reduzidos?

Quando começar a terapia antirretroviral

Artigo: Initiation of Antiretroviral Therapy in Early Asymptomatic HIV Infection

Autores: The INSIGHT START Study Group

Local: Multicêntrico, 35 países

Fonte: N Engl J Med 2015;373:795-807

O estudo: Sempre houve a polêmica quanto ao início de uso de antirretrovirais (ARV) em soropositivos. Em geral, a contagem de CD4 servia de guia, apesar de que alguns autores recomendavam uso precoce, independente do nível de CD4. Este artigo procurou comparar as duas estratégias, uso imediato e uso com CD4<350 cel/mm3. 4685 pacientes foram incluídos, e randomicamente distribuídos nestes dois grupos, uso imediato ou com CD4 baixo. O principal desfecho foi o desenvolvimento de doença definidora de AIDS.
Resultados: Os resultados são bastante marcantes. Ao final do estudo, ele conseguiu analisar desfecho em 42 pacientes com início imediato de ARV e em 96 pacientes com uso dependente do CD4.O grupo com início imediato de ARV teve 67% a menos de doenças definidoras de AIDS. Outros desfechos aparentemente também foram melhores, mas sem atingir a significância: morte por qualquer causa, evento grave não definidor de AIDS.

Os desfechos que estatisticamente se mostraram reduzidos com o uso imediato de ARV foram:
– Doença definidora de AIDS: 0,60 casos/100 pessoas-ano x 1,38 casos no grupo comparador
– Doença definidora de AIDS, grave: 0,20 casos/100 pessoas-ano x 0,72 casos no grupo comparador
– Doença não definidora de AIDS, grave: 0,42 casos/100 pessoas-ano x 0,67 casos no grupo comparador
– Tuberculose: 0,09 casos/100 pessoas-ano x 0,28 casos no grupo comparador
– Cancer não relacionado à AIDS: 0,13 casos/100 pessoas-ano x 0,26 casos no grupo comparador
Houve redução de óbitos, mas sem atingir a significância estatística.


Comentários: Este estudo possui alguns problemas pequenos (menor número de pacientes avaliados no final do estudo, heterogeneidade pelo fato de ser feito em 35 países), mas seus resultados deixam o início de ARV com CD4 baixo com os pilares bastante enfraquecidos. Além disto, já são conhecidos os impactos sobre a resistência, que tem maior risco naqueles com CD4 mais baixo e a síndrome da reconstituição imune. Desta forma, este estudo embasa de forma bastante consistente o início da terapia antirretroviral independente da contagem de células CD4.