Arquivo da categoria: Infecções em geriatria

Vacina para o Herpes Zoster em idosos

Artigo: Efficacy of the Herpes Zoster Subunit Vaccine in Adults 70 Years of Age or Older

Autores: Anthony L. Cunningham e o ZOE-70 Study Groupimmunodeficiency-disorders

Local: Multicêntrico, centralizado nos Estados Unidos

FonteN Engl J Med 2016; 375:1019-1032

Estudo: O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia da vacina para o Herpes Zoster em idosos >70 anos, onde a incidência da doença sobe de  2,0 a 4,.6 casos por 1000 pessoa-anos para 10,0 a 12,8 por 1000 pessoa-anos. O ZOE-50 e oZOE-70 foram dois estudos fase 3 realizado em países de vários continentes desenhados para avaliar a eficácia desta nova vacina, composta  por 50 μg de glicoproteína E recombinante do Vírus do Herpes Zoster (VHZ) e o sistema adjuvante AS01B baseado em lipossomos. Os desfechos estudados foram proteção contra a doença, e contra a neuralgia pós-herpética. O comparador foi placebo. Esta publicação é a análise do subgrupo de pacientes com>70 anos incluídos nos dois ensaios clínicos. Os pacientes foram pareados na proporção 1:1.

Resultados: A vacina teve eficácia de 89,8% na proteção contra o Herpes Zoster nos Continuar lendo

Epidemiologia do Herpes Zoster e sua relação com o Câncer

Consequências do Herpes Zoster em pacientes com Câncer

Frequentemente associa-se o surgimento do Herpes Zoster como marcador de início, ainda que indetectado, de doença subjacente grave, em particular o Câncer. Apesar de ser maisvirus-herpes-zoster-620x413 frequente em pacientes com Câncer, o Herpes Zoster é diagnosticado também em pacientes jovens e ocorre em padrão sazonal, acompanhando a ocorrência da varicela, o que sugere que também pode ocorrer por reinfecção.

A relação entre câncer e Herpes Zoster apresenta duas facetas:

  • Existe uma relação entre a ocorrência de Herpes Zoster e câncer ( e outras doenças crônicas, como diabetes, doenças reumatológicas.
  • Herpes Zoster em pacientes com câncer pode se apresentar de forma mais agressiva.
  • O Herpes Zoster pode preceder o diagnóstico do câncer e até ser um marcador para a investigação da sua ocorrência.

Este é um assunto que deveria ser melhor estudado e definido, em especial o critério para indicação de investigação de Continuar lendo

Uma bactéria resistente a mais

Artigo: The Pandemic H30 Subclone of Escherichia coli Sequence Type 131 Is Associated With Persistent Infections and Adverse Outcomes Independent From Its Multidrug Resistance and Associations With Compromised Hosts

1009xrds_bacteria_articleAutores: James R. Johnson e mais

Local: Seattle/ Minneapolis/ Washington

Fonte: Clinical Infectious Diseases 2016;62(12):1529–36

EstudoEscherichia coli , juntamente com os estreptococos e estafilococos, talvez seja a bactéria (ou grupo de bactérias) mais associados às doenças humanas. E. coli é responsável por uma miríade grande de infecções extra-intestinais, às quais se destacam as infecções urinárias, hoje cada vez mais resistentes aos antimicrobianos e com probabilidade de persistência e recorrência. Este estudo foca numa cepa que ganha importância a cada dia,  que carrega a sequência tipo 131 (ST131), particularmente no subclone H30, resistente à ciprofloxacina.  Devido à rápida expansão, potencial de disseminação na comunidade, os autores consideram esta cepa um problema de saúde pública. Os autores levantaram dados de cinco centros americanos e obtiveram dados clínicos de prontuários de 1130 pacientes que tiveram isolamento de E. coli, no intuito de se diferenciar as infecções causadas pela E. coli H30 das demais E. coli. Os isolados foram estratificados pela topografia da amostra.

Resultados: Os resultados expostos são extensos, e serão resumidos, com foco naqueles que são mais informativos.

Os fatores preditivos são aqueles esperados para bactérias resistentes: uso recente de antimicrobianos, hospitalização recente ou Continuar lendo

A controvérsia do uso de antibióticos para IVAS em idosos

Artigo: Protective effect of antibiotics against serious complications of common respiratory tract infections: retrospective cohort study with the UK General Practice Research Databasevirus

Autores: Petersen e mais

Local: Centre for Infectious Disease Epidemiology, Department of Primary Care and Population Sciences, London e Health Protection Agency, Centre for Infections, London

Fonte: BMJ 2007;335;982

O estudo: Os autores aproveitaram para um coorte retrospectivo o banco de dados inglês com 162 centros, de 1991 a 2001. Identificaram pacientes através de termos localizadores de diagnóstico e utilizaram como desfecho primário o desenvolvimento de complicações graves até 30 dias o diagnóstico da infecção das vias aéreas superiores (IVAS). Entre as complicações graves estão a pneumonia, mastoidite e abscesso peritonsilar (‘quinsy’).

Resultado: Os autores analisaram um total nada impressionante de 1.081.000 casos de IVAS.Os autores mostram benefícios com o uso de antibióticos, mas Continuar lendo

Meu paciente está com “defesas baixas”?

Na clínica diária é frequente o paciente se queixar de “resistência baixa” e que deseja prescrição de vitaminas para “aumentar as defesas”. Na imensa maioria das vezes em que uma investigação é feita, nenhuma alteração é encontrada. Nenhuma surpresa. A sensação de defesas baixas vem devido a:

immunodeficiency-disordersa) Infecções de repetição, muitas vezes infecções respiratórias leves, cuja ocorrência mais frequente num ano ocorre por questões epidemiológicas (maior circulação de vírus/ período prévio mais prolongado sem infecções, gerando maior suscetibilidade;

b) Infecções recorrentes como infecções urinárias ou herpes simples, cujas causas são diferentes, em geral não relacionada a imunodeficiências;

c) Sensação de cansaço ou estafa.

Na verdade, a pergunta é: quando suspeitar que o paciente apresenta uma imunodeficiência?

As imunodeficiências são variadas

Inicialmente, é importante entender que o sistema imune é complexo e Continuar lendo

Duração da antibioticoterapia no pé diabético com osteomielite

Artigo:Six-Week Versus Twelve-Week Antibiotic Therapy for Nonsurgically Treated Diabetic Foot Osteomyelitis: A Multicenter Open-Label Controlled Randomized Study

Autores:Alina Tone, Sophie Nguyen e mais

Local: Cinco hospitais, França

Fonte:Diabetes Care 2015;38:302–307

Estudo: Pacientes com infecções no pé diabético tratados em 5 hospitais entre 2007 e 2009 foram incluídos. Os pacientes foram randomizados de acordo com  a duração de tratamento (Tratamento curto – 6 semanas versus tratamento longo – 12 semanas de antibioticoterapia). dfo3Foram incluídos pacientes com pé diabético e infecção óssea (Infecção de >2 semanas Continuar lendo

É preciso fazer cobertura para Listeria no tratamento empírico da meningite?

Artigo: Meningitis por Listeria monocytogenes en adultos

Autores: Pedro Laguna-Del Estal, Gemma M. Lledó-Ibáñez, Roberto Ríos-Garcés, Ilduara syringe-128Pintos-Pascual

Local: Espanha

FonteRev Neurol 2013 56(1): 13-18.

Estudo: Uma revisão retrospectiva de fatores de risco para meningite causada por Listeria monocytogenes (ML) em adultos de 1982 a 2011. O grupo controle foi composto de pacientes com meningite purulenta não causada pela Listeria (MnL) neste período.

Resultados: Foram recuperados registros de 16 ML e 87 MnL. As características epidemiológicas das duas meningites são diferentes, como esperado. A Listeria é mais encontrada em idosos e imunocomprometidos. As características do líquido cefalorraquidiano Continuar lendo

Novos conceitos em infecções urinárias complicadas

O Guideline da European Urology Association é um dos mais completos sobre infecção C_Diff_Infectionurinária, e o que traz de mais importante é a organização da informação nas infecções complicadas. Estas infecções são frequente mal definidas, e cada autor ou médico costuma definir de forma particular (infecções em imunodeprimidos, em pacientes graves, acompanhada de sepse, na presença de fator modificável, bactéria resistente, etc.).

Na verdade uma definição completa e aplicável do que seja uma infecção urinária complicada é impossível. Por isto, nesta recomendação, a Sociedade Europeia de Urologia prefere orientar que se procure os fatores complicantes, e para cada grupo, diagnósticos e condutas são particularizados.

Os critérios para esta avaliação são:

  1. Apresentação clínica
  2. Gravidade
  3. Fatores de risco ORENUC
  4. Resistência da bactéria

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Pneumonia adquirida na comunidade e inibidores de bomba

Artigo:  Risk of Community-Acquired Pneumonia with Outpatient Proton-Pump Inhibitor Therapy: A Systematic Review and Meta-Analysis

Autores:  Allison A. Lambert, Jennifer O. Lam e mais

Local:  Universidad Peruana Cayetano Heredia e Johns Hopkins University

FontePLoS ONE 10(6): e0128004.

O estudo:  Os autores realizaram análise sistemática e meta-análise, procurando descobrir se há associação em uso domiciliar de inibidores de bomba e desenvolvimento de pneumonia adqurida na comunidade (PAC).

Resultados:  33 estudos foram selecionados, mas somente 26 utilizados na análise. Apesar da heterogeneidade percebida, os estudos mostraram um RR de 1,49 (1,16-1,92) nos pacientes que utilizavam inibidores de bomba. A análise de subgrupos não mostrou diferenças de ocorrência de PAC com dose do IP, tempo de tratamento ou idade do paciente.

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Comentários:O estudo parece Continuar lendo

Profilaxia para celulite de repetição

Artigo:  Antibiotic prophylaxis for preventing recurrent cellulitis: a systematic review and meta-analysis.

Autores:  Oh CC, Ko HC, Lee HY, Safdar N, Maki DG, Chlebicki MP.

Local:  Singapura e Wisconsin, EUA

Fonte:  J Infect. 2014 Jul;69(1):26-34.

1009xrds_bacteria_articleO estudo:  O autor realizou revisão sistemática da literatura abordando celulite de repetição e antibioticoprofilaxia.

Resultados:  Surpreendentemente somente 5 estudos atingiram os critérios para análise, apesar da frequência da doença e sua importância. O risco relativo encontrado foi de Continuar lendo