E se suspendessemos as precauções de contato para MDR?

ArtigoProspective Validation of Cessation of Contact Precautions for Extended-Spectrum β-Lactamase–Producing Escherichia coli

precaucionAutores: Sarah Tschudin-Sutter, Reno Frei, Friedbert Schwahn, Milanka Tomic, Martin Conzelmann, Anne Stranden, Andreas F. Widmer

Local: Basel, Suíca

Fonte: Emerging Infectious Diseases  Vol. 22, No. 6, June 2016

Estudo: Como já discutido em outras postagens, as precauções de contato para agentes  multirresistentes é polêmica, podendo apresentar bons resultados, mas de acordo com as condições do hospital não somente não reduzir riscos de transmissão, mas como também aumentar riscos de eventos adversos. Os autores decidiram avaliar o risco de colonização por E. coli produtora de ESBL após a suspensão da política de estabelecimento de precauções de contato para portadores desta bactéria.

Resultados: Os autores avaliaram em 2 hospitais a colonização após a suspensão da política de precauções. A taxa de transmissão foi de 4.8% (11/231) sendoi variável de acordo com a intituição, 2.6% (4/151) em uma e 8.8% (7/80) na outra. A aquisição foi maior daqueles com exposição ao caso índex  >5 dias (odds ratio 10.18, 95% CI 1.28–80.91; p= 0.028).  No hospital com menor transmissão, a adesão as precauções padrão era alta, especialmente à higienização das mãos (>90%).

 

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Comentários: O pressuposto que os autores utilizaram para realizar este estudo foi que a maioria dos casos de infecção por E. coli ESBL+ teria origem comunitária. Apesar de lógico, devemos nos lembrar que estabelecemos precauções específicas para pacientes com agentes transmissíveis de origem comunitária. o que este estudo traz de interessante é que:

a. Não obrigatoriamente a política de prevenção de MDR deve ter como centro as precauções de contato. Adesão às normas e tempo de permanência curto são igualmente ou mais importante. Da mesma forma, como também já discutido, a política de recursos humanos e a arquitetura hospitalar (número de pacientes/ quarto, desenho da UTI) são bastante importantes.

b. A política de precauções ó para cumprir uma norma, ou exigência externa, especialmente quando aplicada com improvisações e jeitinhos para se adaptar às más condições é ineficaz e potencialmente danosa.

c. Mesmo com origem comunitária, quando bem aplicada a política de precauções tem benefícios.

d. A política de precauções pode ser aplicada a pacientes específicos (ex. longa permanência, fatores de risco), não obrigatoriamente a todos os portadores. Não portadores com longa permanência eventualmente podem ser candidatos.

e. A eficácia desta política (colonizações e infecções, eventos adversos) deve ser monitorizada periodicamente.

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