Artigo: Ocular Involvement Following Postnatally Acquired Toxoplasma gondii Infection
in Southern Brazil: A 28-Year Experience
Autores: TIAGO E.F. ARANTES, CLAUDIO SILVEIRA, GARY N. HOLLAND, CRISTINA MUCCIOLI, FEI YU, JEFFREY L. JONES, RAQUEL GOLDHARDT, KEVAN G. LEWIS, e RUBENS BELFORT, JR
Local: Erechim, Rio Grande Do Sul, Brasil; Universidade Federal de São Paulo e Estados Unidos
Fonte: Am J Ophthalmol 2015;159(6): 1002–1012
Estudo: Este assunto é muito importante, já discutido aqui previamente, uma vez que a doença é frequente, habitualmente não tratada, e o diagnóstico da retinite/ uveíte posterior muitas vezes é feito baseado numa sorologia, IgG, de difícil interpretação nestes casos. Os autores sistematizaram sua experiência em Erechim, RS, cidade onde 85% da população tem evidência de infecção por toxoplasma, e 17,7% apresenta achados oculares compatíveis com a doença ocular. Trata-se de coorte retrospectivo, avaliando indivíduos com IgM positivo encaminhados para avaliação oftalmológica.
Resultados: Foram analisados 302 indivíduos, 79,1% destes encaminhados devido ao IgM positivo e 20,1% tiveram exame solicitado pelo oftalmologista durante a avaliação de doença ocular. 30 indivíduos (9,9%) apresentavam lesão ocular no momento do diagnóstico, em 27 destes, unilateral. Lesão imediata – diagnosticada 3 meses antes ou 3 meses após a detecção do primeiro IgM – ocorreu em 97 pacientes. Homens tinham a maior probabilidade de apresentar sintomas sistêmicos ou doença ocular no momento do diagnóstico (IgM).
O tratamento específico no momento do diagnóstico aparentemente foi protetor para doença ocular imediada. Aconteceu em 45,3% dos pacientes com toxoplasmose ocular imediata e 60,5% daqueles que não tiveram a doença ocular (p=0,15).
O risco de retinocoroidite necrosante em indivíduos sem lesão ocular no momento do diagnóstico foi de 6,4 casos/100 pessoas-ano e de 9,0 casos/100 pessoas-ano para aqueles com inflamação ocular isolada, diferenças sem significância estatística.

Comentários: Trata-se de estudo retrospectivo, com viés decorrente, mas é uma grande experiência e não pode ser desprezada. Ao contrário. Os autores focam muito a discussão no tratamento. Sabe-se que a doença ocular tem vários fatores de risco, em especial a cepa do toxoplasma. Mas a doença necrosante, que causa perda visual, aparentemente teve incidência reduzida com o tratamento no momento do diagnóstico da doença aguda. O estudo não foi desenhado para isto, e mereceria um ensaio clínico. A sugestão de tratamento universal para pacientes com doença aguda é bastante forte.
Marcado:Coriorretinite, Toxoplasmose
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