Máscaras N95 e infecções respiratórias

ArtigoEffectiveness of N95 respirators versus surgical masks in protecting health care workers from acute respiratory infection: a systematic review and meta-analysis

02AutoresJeffrey D. Smith e mais

Local: Canada

FonteCMAJ,  2016, 188(8): 567

Estudo: Os respiradores N95 (erronea, mas rotineiramente chamados de máscaras N95) são equipamentos que em teoria possuem proteção para contaminação por agentes respiratórios, seja através de gotículas maiores ou aerossóis, ao contrário das máscaras comuns. Suas desvantagens são o custo e o desconforto para profissionais. As infecções respiratórias agudas, como a influenza, são mais frequentemente transmitidas por gotículas, demandando uso de máscaras comuns, mas as condutas em cada instituição tem sido divergentes. Os autores realizaram revisão sistemática e meta-análise sobre a efetividade destes respiradores na prevenção de infecções respiratórias agudas.

Os autores selecionaram estudos tipo caso-controle, coortes prospectivos e retrospectivos e ensaios clínicos randomizados, que avaliaram a incidência de infecções respiratórias agudas em profissionais de saúde que utilizaram máscaras comuns ou respiradores N95. Não foram incluídos estudos analisando transmissão na comunidade ou para pacientes. Os desfechos analisados foram infecção confirmada laboratorialmente, doença semelhante à influenza ou absenteísmo.

Resultados: Foram incluídos 31 estudos. Não foram encontradas diferenças dos diversos desfechos entre recomendação de uso de respiradores N95 ou de máscaras comuns (Randomizados: OR 0.89, IC 95% 0.64–1.24;coortes: OR 0.43, IC 95% 0.03–6.41; caso–controle: OR 0.91, IC 95% CI 0.25–3.36).

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Comentários: A revisão sistemática sugere que não há benefício na recomendação de respiradores N95 quando comparada com a de uso de máscaras comuns para prevenção de infecções respiratórias em serviços de saúde. Estes dados não podem ser extrapolados para tuberculose, sarampo, varicela ou outras doenças eventuais que sabidamente são transmitidas por aerossóis.

No entanto os resultados são não conclusivos, segundo os próprios autores. Os intervalos de confiança são muito amplos, e as definições de infecção respiratória aguda e desfechos, frágeis. Ainda assim, é uma evidência que não pode ser desprezada. Ainda mais quando sabemos que a conduta nesta situações funciona como um pêndulo. Na rotina, desprezada por muitos profissionais e gestores, com adesão às normas mínimas dificultadas. Já no momento de surtos, há uma histeria desproporcional com desperdício de recursos e medidas sem justificativa.

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