Artigo:A Prospective Longitudinal Cohort to Investigate the Effects of Early Life Giardiasis on Growth and All Cause Diarrhea
Autores: Jeffrey R. Donowitz e mais
Local: Estados Unidos
Fonte: Clinical Infectious Diseases 2016;63(6):792–7
Estudo: Os autores analisaram a relação entre aquisição precoce da Giardia lamblia (<6 meses de idade) acompanhada de persistência (exames mensais das fezes) e o prejuízo no crescimento das crianças. Ao mesmo tempo analisaram se a persistência da giardíase seria protetora contra outros tipos de diarreia infecciosa. Para demonstrar a relação realizaram coorte prospectivo com 629 crianças entre 2008 e 2012 em Bangladesh.
Resultados: 445 crianças completaram o estudo: acompanhamento com pesquisa de fezes até 24 meses de idade. A persistência de Giardia lamblia nas fezes foi elevada.7% apresentaram pesquisa positiva <6 meses de idade. 55% pacientes tiveram pelo menos três coletas positivas após 24 meses:

354 pacientes completaram o estudo com avaliação antropométrica – peso para a idade (WAZ) e altura para a idade (LAZ). Análise multivariada mostrou que . Por outro lado, a giardíase não teve nenhum impacto na ocorrência de diarreia causada por outros agentes.

Comentários: A giardíase não é uma infecção “simples” nem “corriqueira” apesar da sua frequência. Além da refratariedade ao tratamento que pode ser comprovado em muitos casos na clínica, este estudo é mais um que mostra a dificuldade na erradicação do patógeno. A presença de nas pesquisas de vigilância (independente de sintomas) em crianças <6 meses de idade mostrou redução no crescimento (em média 0,4 vezes na escala Z) aos dois anos de idade, mas não no peso. Os autores sugerem que o estado de portador crônico não é bem combatido pelo sistema imune, capaz de amenizar os sintomas mais intensos. A persistência da giardia no intestino seria capaz de prejudicar a absorção de nutrientes sem causar sintomas severos.
Para os autores, higienização das mãos e aleitamento materno exclusivo são as principais formas de prevenção da aquisição da Giardia lamblia precocemente. Mais do que propor exames de vigilância mensais, o que é impraticável a nível de saúde pública, os autores sugerem a aplicação destas duas medidas como passos iniciais de prevenção de colonização por giardia.
Um dos aspectos importantes que não faz parte do estudo, mas que pode ser debatido a partir de seus achados, que a Giardíase precisa ser diagnosticada, especialmente nos casos onde há sintomatologia persistente. É cultura no Brasil a utilização de antiparasitários empiricamente, o que a nível de saúde pública tem sua lógica, e resultados convincentes. No entanto, esta estratégia pode deixar escapar casos de giardíase recorrente, às vezes de difícil tratamento. É importante ter em mente que: a) Nenhuma terapia antiparasitária de amplo espectro garante resultados brilhantes sobre a giardíase; b) Sempre que possível ou necessário o diagnóstico através do exame proto-parasitológico das fezes deve ser realizado.
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