Toxoplasmose ocular: profilaxia secundária

Artigo: The Impact of Short-Term, Intensive Antifolate Treatment (with Pyrimethamine and Sulfadoxine) and Antibiotics Followed by Long-Term, Secondary Antifolate Prophylaxis on the Rate of Toxoplasmic Retinochoroiditis Recurrence.

8-blueAutores: Piotr K. Borkowski e mais.

Local: Polônia

ReferênciaPLOS Neglected Tropical Diseases – DOI:10.1371/journal.pntd.0004892 -2016

Estudo: Os autores decidiram analisar o uso de profilaxia secundária (após episódio inicial) na prevenção da recorrência da coriorretinite causada pelo Toxoplasma gondii.  Trata-se de estudo retrospectivo, onde foram analisados os registros de 637 pacientes com diagnóstico de toxoplasmose ocular entre 1994 e 2013.  Todos os pacientes foram tratados com sulfadoxina 500mg / pirimetamina 25mg (após dose de ataque) por 21 dias.  A partir do segundo dia os pacientes recebiam prednisona 40mg e espiramicina por seis dias, seguida de azitromicina por dez dias.  Recorrência foi definida como presença de novo foco inflamatório à fundoscopia no mesmo olho da infecção inicial, acompanhada de exsudato. Os pacientes que receberam profilaxia secundária foram recomendados a tomar um comprimido semanal de sulfadoxina 500mg + pirimetamina 25mg por seis meses.

Resultados: A profilaxia secundária foi utilizada por 564 pacientes, com 303 recorrências, a maioria em três anos após o episódio inicial. Nenhum paciente teve recorrência após dez anos de observação. A probabilidade de recorrência foi menor naqueles pacientes sem cicatriz pré-existente (p=0,075) e naqueles com hemorragia retiniana (p=0.033). Os autores afirmam que após a detecção de lesão de risco (cicatriz prévia ou ausência de hemorragia) e uso de profilaxia, nenhuma recorrência foi observada.

Comentários: A toxoplasmose ocular (uveíte posterior, coriorretinite) é uma infecção mal diagnosticada. Muitas vezes não se pensa no diagnóstico, outras é feito através da presença de sorologia positiva (IgG), que na verdade indica infecção prévia, e não atividade de doença.

O esquema usado para o tratamento da toxoplasmose ocular é bastante diferente daquele que é feito no Brasil, o mais usado é aquele preconizado na literatura americana, Sulfadiazina (4g/dia) associada à pirimetamina (dosagem variável nos livros de 25 a 75mg). Alguns centros prescrevem sulfametoxazol+trimetoprim, mas este esquema não é bem estudado em literatura.

Trata-se de estudo retrospectivo, com grande número de limitações devido a viés de seleção entre outros. No entanto, com literatura tão escassa, é importante ressaltar o achado das duas alterações sugestivas de recorrência (Presença de cicatriz pré-tratamento e ausência de hemorragia) além da própria sugestão de profilaxia secundária por seis meses.

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