Artigo: Relationship between hospital ward design and healthcare-associated infection rates: a systematic review and meta-analysis
Autores: Andrea Stiller, Florian Salm, Peter Bischoff e Petra Gastmeier
Local: Berlin, Germany
Fonte: Antimicrobial Resistance and Infection Control (2016) 5:51
Estudo: Os autores revisaram sistematicamente a literatura em busca de evidências da associação entre desenho de unidades e a ocorrência de infecção. Encontraram nove estudos nos critérios propostos avaliando associação entre número de camas/unidade e infecção, e três estudos avaliando o tamanho das unidades e distância entre pacientes.
Resultados: Os autores encontraram uma associação entre unidades com múltiplos leitos e a ocorrência de detecção de colonização por agentes resistentes, ou infecção causada por qualquer agente. Os quartos individuais reduzem em quase 50% a ocorrência de colonização ou infecção. A ocorrência de bacteremia foi reduzida em 36%.

A análise de distância entre leitos foi prejudicada devido ao pequeno número de estudos. No entanto os autores discutiram a distância mínima de um metro, e a necessidade de pias ou dispensadores de álcool próximo ao leito.
Comentários: O controle de infecção não pode ser resumido à higienização das mãos, e nem distorcido para se atender a necessidade de outras formas de controle. O controle de infecção tem necessidades específicas.
O comportamento dos profissionais, seus hábitos e vícios podem estar associados a um risco aumentado, mas num país com características como o Brasil, é im portante compreender outras variáveis que também têm importância, e são mesmo determinantes da frequência da higienização das mãos. Atribuir exclusivamente aos profissionais o ônus da não higienização das mãos é transferir uma responsabilidade, ainda que parcialmente. A estrutura e a cultura institucional são determinantes deste processo.
- A literatura vê como controverso o papel do número de profissionais na ocorrência de infecção. No entanto, a análise de hospitais sem grande deficit de pessoal ou sobrecarga, ou em situações de baixo risco é diferente da análise de muitos hospitais brasileiros, onde a falta de pessoal é grave, especialmente em áreas sensíveis como as UTIs neonatais. Existem evidências da associação entre número de profissionais e taxas de infecção nestas condições.
- A situação de sobrecarga e stress de profissionais, em especial da enfermagem, pode gerar cuidados não seguros. A satisfação dos profissionais, mais que sua resiliência, são determinantes de qualidade de atenção.
- A superlotação gera estrutura física sobrecarregada, falta relativa de profissionais, falta de tempo para todos os cuidados, stress e insatisfação gerando perda de atenção, concentração nos cuidados.
- O desenho da enfermaria também tem relação. Este estudo mostra claramente que quartos individuais são importantes. Os grandes salões, muito utilizados em UTIs, podem trazer diversas vantagens, mas aumentam a oportunidade de transmissão ambiental de agentes.
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