Avaliação da resposta ao tratamento da celulite

ArtigoEarly Response in Cellulitis: A Prospective Study of Dynamics and Predictors

AutoresTrond Bruun e mais

aurLocal: Noruega

FonteClinical Infectious Diseases 2016;63(8):103441

Estudo: O reajuste de esquema antimicrobiano, com ampliação do espectro é medida comum realizada com a sensação de fata de melhora clínica. No entanto, muitas vezes esta mudança é desnecessária, porque a “falta de resposta” é decorrente da inflamação intensa, da presença de toxinas e não pela falta de cobertura antimicrobiana. Este estudo procurou compreender a dinâmica da resposta ao tratamento na celulite e preditores de falha de esquema antimicrobiano.Desta forma, estudaram celulites causadas pelo estreptococo betahemolítico (BHS) e S.aureus e analisaram temporalmente a resposta clínica e laboratorial. A avaliação foi prospectiva e diária. Pacientes com coleções drenáveis foram escolhidos. As definições de desfecho foram:

Resposta no primeiro dia de tratamento

  • Resposta: Interrupção da progressão e melhora global da inflamação.
  • Ausência de resposta: Não atende ao critério de resposta.

Resposta no terceiro dia de tratamento

  • Resposta: Interrupção da progressão e melhora global da inflamação mais redução do PCR em 20%.
  • Ausência de resposta: Não atende ao critério completo de resposta.
  • Resposta indeterminada: Pelo menos um dos critérios não atendido

Resposta ao final de tratamento

  • Falha: Aumento dos sintomas, novo curso de antimicrobianos até 2 semanas até o término do esquema inicial, óbito ou readmissão por celulite até 30 dias após a alta.

Resultados: Foram analisados 216 episódios de celulite. No primeiro dia de tratamento, 55% apresentaram interrupção na progressão da doença. Resposta clínica, combinando os critérios estabelecidos ocorreu em 39% dos pacientes.Já no terceiro dia a resposta pelos critérios foi de 90%.

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112 pacientes tinham alguma inflamação residual ao final do tratamento, e destes, 18 tiveram piora ou readmissão. Dos pacientes sem inflamação residual, somente dois tiveram piora clínica ou necessidade de readmissão.

Os autores separaram um subgrupo de pacientes com terapia concordante no início do tratamento. Neste subgrupo, que não demanda ampliação de espectro, os autores avaliaram fatores de risco para falha que não são dependentes da antibioticoterapia. Em análise multivariada encontraram os seguintes fatores de risco para “falha” terapêutica:

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Comentários: Esta publicação amplia a discussão da antibioticoterapia racional e fornece ferramentas para evitar o escalonamento desnecessário.

Um artigo citado pelos autores foi publicado em 1937 e avalia resposta ao tratamento com antimicrobianos versus luz UV. Curiosamente até 48-72h a evolução em ambos os braços foi semelhante, mostrando que é necessário um tempo mais longo para uma análise mais objetiva. É evidente que se houver deterioração clínica relevante, não é possível aguardar este período.

Os autores mostram muito claramente que o escalonamento de antimicrobianos muitas vezes é desnecessário, pois a ausência de resposta pode muito mais indicar o estado inflamatório ou a doença subjacente do que uma falha do esquema ou presença de bactéria resistente. Pacientes com maior idade, portadores de doença cardiovascular apresentam evidência de resposta clínica mais lenta, sem necessidade de correção de esquema. Já a erisipela típica, infecção de menor gravidade, tem resposta evidenciada mais rapidamente.

Desta forma, a sistematização da observação do escalonamento antimicrobiano pode ser uma medida adicional de melhoria de uso clínico. Somente a análise de fichas de restrição, sem avaliação clínica parceira e concomitante pode gerar viés na avaliação.

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