Hepatocarcinoma em portadores de HIV e HCV

Artigo: Trends in Incidences and Risk Factors for Hepatocellular Carcinoma and Other Liver Events in HIV and Hepatitis C Virus–coinfected Individuals From 2001 to 2014: A
Multicohort Study

hepatite-cAutores: Lars I. Gjærde e mais

Local: Dinamarca, Canadá, Suíça, Polônia, Inglaterra, Itália

Fonte: Clinical Infectious Diseases 2016;63(6):821–9

Estudo: Os autores decidiram investigar se a incidência de hepatocarcinoma em pacientes coinfectados (HIV-HCV) está diminuindo, da mesma forma que estão reduzindo os óbitos e os eventos hepáticos. Eles aproveitaram os dados do projeto EUROSIDA que coleta informações de 111 centros na Europa, Israel, Argentina e Canadá e fizeram modelo de regressão visando compreender a dinâmica das complicações (Hepatocarcinoma, e complicações/óbitos relacionados às doenças do fígado).

Resultados: Foram incluídos 7229 indivíduos, tendo sido diagnosticados 72 pacientes com hepatocarcinoma e 375 com outros eventos (ou desfechos) hepáticos. Curiosamente a incidência do hepatocarcinoma cresceu 11% ao ano, ao contrário dos desfechos hepáticos, que tiveram redução de 4% ao ano. Nos pacientes cirróticos a incidência de hepatocarcinoma foi de 7,9 casos por pessoas-ano de seguimento, enquanto que nos não cirróticos foi 0,5 casos por pessoas-ano de seguimento.

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Os fatores de risco para hepatocarcinoma revelados na análise multivariada foram: coinfecção com HBV, maior idade, menor contagem de células CD4+, e cirrose. Não se mostraram associados o uso de álcool, diabetes e as cargas virais do HIV ou HCV.

Comentários: Os resultados deste estudo são de certa forma surpreendentes. Nem todos os resultados foram aqui transcritos, mas eles são um alerta. Temos hoje plena convicção  e evidências robustas que os medicamentos utilizados para o tratamento do HIV e do HCV melhoram (radicalmente) a sobrevida, e diversas causas de morbidade. A base destes desfechos é a manutenção de uma resposta virológica sustentada (RVS).

O que este estudo traz de diferente é que pelo menos uma complicação não pode ser prevenida pela RVS: o hepatocarcinoma. Apesar da cirrose ter sido o principal fator predisponente para o hepatocarcinoma, outros fatores também se mostraram envolvidos.

Desta forma, a vigilância ininterrupta para diagnóstico precoce do hepatocarcinoma é mandatória, mesmo em pacientes com resposta virológica sustentada.

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