Em rumo à cura da infecção causada pelo HIV

Artigo: International AIDS Society global scientific strategy: towards an HIV cure 2016

Autores: Steven G Deeks & International AIDS Society Towards a Cure Working Group

Local: Multicêntricofoto_25112015111143

FonteNature Medicine 2016;22(8):

O programa “Towards an HIV Cure” da International AIDS Society (IAS) foi estabelecido em 2010. Esta revisão aborda os avanços e lacunas de conhecimento para o estabelecimento da cura da infecção pelo HIV. Alguns pontos de interesse são destacados neste pequeno resumo.

Definição

A definição ótima seria a completa erradicação do  vírus no organismo, mas mediante a tecnologia hoje disponível, esta meta é tida como difícil de ser atingida impraticável de ser comprovada. O desfecho mais palpável atualmente seria a remissão de longo prazo, que pode ser definida como a negativação da carga viral por períodos prolongados, vários anos, sem o uso de antirretrovirais (ARV).

Biologia da latência do vírus

Dentre os aspectos da biologia da latência, os pontos que impactam no desenvolvimento da cura:

  • Persistência de níveis baixos de inflamação, respostas imunoregulatórias elevadas e disfunção de células  CD4+ e CD8+ T apesar de tratamento de alta eficácia (HAART). É possível que a reversão destas anormalidades venha a ajudar a erradicar o vírus.
  • Persistência no tecido linfóide de difícil acesso. Exemplos: células de memória CD4+ e células auxiliares foliculares T, que se situam em regiões dos linfonodos inacessiveis aos linfócitos CD8+.
  • Desconhecimento na prática da distribuição do HIV em cada sistema e órgão, algo que tem impacto no desenvolvimento de drogas com farmacocinética dirigida.
  • A biologia da transcrição em cada um dos diversos órgãos. Vírus replicativos, por exemplo, merecem abordagem diferente daqueles não replicativos, e o estado de replicação depende da célula/órgão infectado.
  • Necessidade de melhorar o controle do HIV pelo próprio sistema imune. O hospedeiro consegue ‘controlar’ parcialmente a infecção através de anticorpos, células T, células NK e macrófagos. Em particular, os anticorpos e as células T citotóxicas podem ser alvo de estímulo/tratamento para amplificar a resposta ao vírus.
  • Necessidade de ferramentas para regulação da ‘homeostase’ imune, através de controle da inflamação e regulação da função dos linfócitos T.

Modelos de cura

Entre as possíveis formas de cura estão:

  • Terapia celular e genética, como o transplante de medula óssea, com a infusão de células homozigóticas para a deleção de CCR5Δ32 (resistentes à infecção pelo HIV). Outras alternativas é a manipulação autóloga, do próprio hospedeiro, tanto visando a remoção do CCR5, como pela introdução de genes específicos. O problema destas abordagens reside nos riscos relacionados à mieloablação.nm.4108-F3
  • Alternativas seriam o desenvolvimento de estratégias para a terapia com menor risco de mieloablação, desenvolvimento de tecnologia que leve nucleases às células infectadas.

Exames que subsidiam a avaliação da cura

Os exames que hoje utilizamos (PCR) só medem uma parte dos vírus presentes no organismo (figura), não representando os cenários de diferentes células e tecidos. Desta forma, é necessário desenvolvimento de novas tecnologias para se conseguir avaliar de forma direta ou indireta a persistência viral de forma mais fidedigna.

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