Artigo: Ceftazidime/Avibactam and Ceftolozane/Tazobactam: Second-generation β-Lactam/β-Lactamase Inhibitor Combinations
Autores: David van Duin e Robert A. Bonomo
Local: Chapel Hill e Cleveland, Estados Unidos
Fonte: Clinical Infectious Diseases 2016;63(2):234–41
A revisão e comentários: Não existe perspectiva para lançamento próximo de antimicrobiano inovador, com mecanismo de ação novo, que seja realmente diferente do ponto de vista de perenidade e barreira ao desenvolvimento de resistência. No Brasil, esta notícia é particularmente ruim pois já vivemos um problema de saúde pública com as bactérias gram-negativas:
a. Alta incidência de ESBL, forçando uso maciço de carbapenêmicos.
b. Alta resistência de bactérias não fermentadoras (Pseudomonas e Acinetobacter) aos carbapenêmicos, forçando o uso de polimixina.
c. Emergência de resistência aos carbapenêmicos em Klebsiella e também resistência à polimixina, deixando muitas infecções sem um esquema que seja plena e reconhecidamente eficaz, o que não quer dizer que estejamos inteiramente sem arsenal, pelo menos por enquanto.
d. Na comunidade, emergência de E. coli resistente à ciprfloxacina e ceftriaxona.
O que temos de novo são modificações químicas de antimicrobianos hoje em uso, como é o caso destes dois novos inibidores de beta-lactamase. O que os autores pontuam com maior ênfase:
a. O Avibactam possui um espectro de inibição maior que o tazobactam, possuindo atividade sobre algumas carbapenemases, como as KPC.

b. A atividade de ambos os compostos é parecida. Forte sobre bacilos gram-negativos, pouco confiável sobre cocos gram-positivos, Bacteroides e Clostridium.
c. A atividade da Ceftazidima/Avibactam sobre Klebsiella pneumoniae produtora de KPC é muito boa, mas sobre a Pseudomonas aeruginosa multirresistente não tão satisfatória, o que poderá levar ao uso associado de antimicrobianos em caso de necessidade de tratamento empírico, como no caso da pneumonia associada à ventilação mecânica.

d. O Ceftolozane/tazobactam tem um perfil de atividade diferente, particularmente porque o tazobactam não possui espectro tão amplo quanto o tazobactam. Desta forma, não há atividade sobre Klebsiella pneumoniae produtora de KPC e a atividade sobre Pseudomonas aeruginosa resistente à ceftazidima é bastante confiável.

Os autores afirmam que ambas as drogas são importantes adições ao formulário atual. Ressaltam que seria um grande desperdício utilizá-las, especialmente o avibactam, no tratamento de infecções presumivel ou comprovadamente sensíveis a outras classes, ainda mais sabendo que o desenvolvimento de resistência aos inibidores de betalactamase não é demorado. Cabe saber qual será seu espaço, se somente mediante cultura, ou se empiricamente nos pacientes com maior risco de infecção causada por bactérias panresistentes.
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