Artigo: Host Genetic Susceptibility to Enteric Viruses: A Systematic Review and Metaanalysis
Autores: Anita Kambhampati, Daniel C. Payne e mais
Local: CDC
Fonte: Clinical Infectious Diseases 2016;62(1):11–18
O estudo: Os vírus entéricos se ligam a antígenos hemo-entéricos (HBGA – oligossacarídeos expressos em células do trato digestivo e respiratório), associados ao gene fucosyltransferase 2 (FUT2). Indivíduos com expressão funcional de FUT2 são denominados “secretores”. O polimorfismo de FUT2 influencia a ligação de vírus às células e, consequentemente, determina a suscetibilidade a estas infecções. Estudos prévios realizados durante surtos de infecções causadas por norovírus e rotavírus mostraram associação entre fenótipo de HBGA e manifestação da doença. Os autores realizaram meta-análise no intuito de se sintetizar a evidência disponível.
Resultados: Os autores selecionaram artigos que analisaram a associação entre as variantes do gene FUT2 e a ocorrência de infecções entéricas por norovírus ou rotavírus. 52 artigos com análise quantitativa foram incluídos para a análise. No caso do norovírus, 18 estudos mostraram que os fenótipos secretores apresentavam 4,2 vezes mais chance de desenvolvimento de doença que os não secretores. Mesmo risco encontrado nos quatro estudos que analisaram infecções por rotavírus.

Comentários: Hoje olhamos o tratamento das infecções basicamente pelo lado do agente causador. Sabemos que tratamento específico para estes vírus não está disponível. Vemos agora que existem riscos diferenciados determinados geneticamente. Já conhecemos isto para HIV, hepatite B, hanseníase e algumas outras doenças. Em geral pouco falamos disto quando pensamos em doenças agudas, como as diarreias. Se começarmos a pensar em susceptibilidade, várias intervenções poderão ser pesquisadas para um futuro. Estratégias de imunização, identificação, e mesmo de modificação. Extrapolando para fora da questão rota/norovírus, este tipo de estudo é importante para reflexão: será que nas infecções complexas, especialmente as recorrentes, não temos que voltar nosso olhar para o hospedeiro, mais do que criar profilaxias de eficácia duvidosa e transitória?
Marcado:Diarreia, Infecções agudas, Norovírus, Rotavírus
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