Artigo: Antibiotic prophylaxis in prosthesis-based mammoplasty: A systematic review
Autores: Naisi Huang, Mengying Liu, Peirong Yu, Jiong Wu
Local: Fudan University, Shanghai, China e MD Anderson Cancer Center, University of Texas, Houston, United States
Fonte: International Journal of Surgery 15 (2015) 31-37
O estudo: Os autores realizaram revisão sistemática de artigos avaliando a ocorrência de infecção de sítio cirúrgico e contratura capsular em mulheres submetidas a mamoplastias com implante de prótese. Os estudos deveriam ter infecção como desfecho, ter grupo controle e intervenção, e ter uso de antimicrobianos exclusivamente para profilaxia.
Resultados: A revisão gerou a análise de 13 estudos. Destes, três analisaram o uso de antibioticoterapia x placebo. Cinco compararam profilaxia<24h x profilaxia estendida (48-72h). Outros estudos também avaliaram profilaxia tópica.
Dos três estudos analisando antibioticoterapia x placebo, um mostrou benefícios com a profilaxia. Um deles, que avaliou procedimentos com finalidade estética, não mostrou nenhum caso de infecção em ambos os grupos, mostrabdo baixo risco de infecção e pequena amostragem. Surpreendentemente, um dos estudos mostrou aumento de infecções com a antibioticoterapia. A taxa encontrada foi de 8,4%, muito elevada, O estudo era retrospectivo, e os autores justificaram que havia viés de seleção: as pacientes de risco receberam antibióticos, as demais não. Este é o típico estudo que não deveria ser incluído numa revisão sistemática, e ter a causa de sua exclusão relatada.
Os cinco estudos que analisaram antibioticoprofilaxia estendida revelaram 37% de redução no risco de infecção. Estatisticamente, os estudos eram heterogêneos, o que enfraquece significativamente as conclusões da análise. A informação mais relevante da análise destes cinco estudos mostra que não há benefício na antibioticoprofilaxia estendida em operações estéticas e que esta é vantajosa na cirurgia de reconstrução mamária.

Cinco estudos avaliaram antibioticoterapia tópica (irrigação), todos em cirurgia estética. Os autores encontraram benefícios na prevenção de contratura capsular, mas não na ocorrência de hematomas ou infecção.
Comentários: É uma boa meta-análise, mas o número de estudos e de pacientes ainda é baixo. As formas de profilaxia tiveram que ser fracionadas, prejudicando a análise. Da mesma forma, as indicações de cirurgia e comorbidades – aparentemente críticas no estudo – precisam ser analisadas individualmente de forma mais sistemática.
Sempre temos que entender uma evidência (ainda mais de boa qualidade, como esta) com a ótica do mundo real. Seus resultados não indicam que obrigatoriamente a duração da profilaxia deve ser prolongada para 48-72h em todas as pacientes. Justificando:
- É preciso saber qual é o risco daquela população que o cirurgião atende (ou de uma paciente específica). Se o risco for alto, não há dúvida que o benefício será percebido. Se o risco for baixo (ex. <1%) é possível que os riscos de efeitos adversos suplantem os potenciais benefícios. Além disto, individualmente será impossível atribuir o sucesso de prevenção à profilaxia.
- É preciso estratificar mas populações, e criar esquemas de profilaxia distintos. Tumor x estética, hígidas x com comorbidades. Afinal, procuramos racionalizar, e não restringir. Reduzir riscos, beneficiar.
Marcado:Cirurgia, Mamoplastia, Profilaxia
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