Artigo: Acute Phase Reactants in Infections: Evidence-Based Review and a Guide for Clinicians
Autores: Anurag Markanday
Local: British Columbia, Canada
Fonte: Open Forum Infectious Diseases 2015
A revisão: O autor revê a utilização de VHS, PCR e procalcitonina em diversas situações específicas, resumidamente transcrita em tabelas. Os resultados mostram que os biomarcadores podem diminuir o consumo de antimicrobianos, especialmente relacionado à duração de terapia, como exposto na tabela 2, que analisa a terapia guiada por procalcitonina.. No caso da pneumonia, alguma evidência quanto à redução de indicação. O mesmo não ficou tão bem estabelecido para sepse.
Comparando a sensibilidade e especificidade para diagnóstico de infecção bacteriana da procalcitonina, o autor cita os seguintes resultados:
| Diagnóstico de infecção bacteriana | Sensibilidade | Especificidade |
| Procalcitonina | 0,88 (0.80–0.93) | 0.81 (0.67–0.90) |
| Proteína C reativa | 0.75 (0.62–0.84) | 0.67 (95% CI, 0.56–0.77) |
Uma especificidade de 81%, como observada na procalcitonina, pode ser considerada sub-ótima. A evidência deixa em aberto o real papel da terapia guiada pela procalcitonina. Parece ser mais racional o uso deste exame como triagem infecciosa do que como critério diagnóstico indicativo de início de antibioticoterapia.

Para as demais infecções, os resultados sugerem maior capacidade de identificação de gravidade e complicações. Entre as maiores utilidades destas ferramentas, podem ser citadas a determinação de tempo de tratamento em infecções complicadas, como a osteomielite, e a triagem de pacientes com complicações piogênicas.

Comentários: Esta revisão é essencial. Vivemos uma época em que uma boa história clínica e exame físico estão sendo trocados por exames inespecíficos. Antibióticos estão sendo prescritos porque “o PCR está alto”. Não é tão simples. Este estudo mostra claramente que a sensibilidade, mas especialmente a especificidade destes exames podem nos levar por caminhos imprecisos. Para diagnóstico, valores extremos podem ajudar a descartar ou suspeitar fortemente de uma infecção. Mas, em geral, estes pacientes são exatamente aqueles que temos poucas dúvidas diagnósticas. Aquele paciente com comorbidades, com quadros não tão definidos, em geral são aqueles com valores de PCR ou procalcitonina mais duvidosos. Portanto, para a maioria das situações em crianças maiores e adultos, estes marcadores agregam pouco para a realização de diagnóstico.
Na prática, na maioria das vezes fazemos a coleta destes exames pensando na diferenciação entre quadros infecciosos e não infecciosos. Na tabela, podemos observar a relação entre a procalcitonina e a severidade da sepse. A detecção clínica do choque séptico e sua diferenciação com os quadros mais leves não é a questão mais crítica. Seria mais importante saber se uma SIRS (hoje termo bastante questionado nos novos critérios de sepse) em fase inicial pode ser atribuída a uma infecção, e não a um estado inflamatório diverso. Esta revisão mostrou que a evidência para esta informação é insuficiente.
Pensando em determinação de prognóstico, estes exames agregam informações. No caso das infecções de pele e partes moles, nos ajudam a pensar em quadros complicados. O escore LIRINEC já nos sugeria isto. De toda forma, a identificação de complicações (especialmente piogênicas) e determinação de prognóstico é a principal indicação destes exames.
Portanto, estes exames, solicitados em grande exagero hoje, gerando mau uso de antimicrobianos, precisa ser repensado à luz das evidências.
Marcado:Biomarcadores, Febre, Infecções de pele e partes moles, Sepse, UTI
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