Precauções de contato para MRSA: tirando o avental

Artigo:  Degowning the controversies of contact precautions for methicillin-resistant Staphylococcus aureus: A review

Autores:  Ravina Kullar,Angela Vassallo, Teena Chopra, Keith S. Kaye, Sorabh Dhar

Local:  EUA

Fonte:  American Journal of Infection Control 44 (2016) 97-103

A revisão: O artigo é uma revisão sistemática sobre a efetividade das precauções de contato sobre a colonização por MRSA.

Efeitos sobre a colonização por MRSA e desfechos em pacientes com precauções de contato

Os autores afirmaram que há evidência da efetividade em situações de surtos ou de alta adesão), mas criticaram os resultados, dizendo que durante um surto as precauções de contato não são as únicas intervenções (ou variáveis) potencialmente determinantes de resolução. Em situações de ‘normalidade’, ou seja, ocorrência em níveis endêmicos, não há evidência que justifique o uso rotineiro da medida.

Um dos artigos revisados mostrou experiência de suspensão do programa de precauções, o que resultou em manutenção das taxas, sem aumento, de colonização. Outra questão levantada foi a adesão, e toda dificuldade de medi-la. Na verdade a amostragem feita pela CCIH é necessariamente sub-representativa, e há o viés da presença do controlador na maioria dos estudos.

Impacto na qualidade de assistência

Os pacientes em precauções de contato tiveram prejuízo na qualidade assistencial, demonstrada por: menor número de visitas por médicos e enfermeiros, menor tempo de visita, maior incidência de eventos adversos (quedas, úlceras de pressão).

Não está discutido no artigo, mas a indisponibilidade de leitos pelo bloqueio pode gerar desasistência levando pacientes a riscos bem maiores: falta de vagas, cancelamentos cirúrgicos e outros problemas de gestão de leitos que potencialmente designam riscos de grande porte para pacientes graves.

Impacto nos aspectos psicológicos do paciente

Os pacientes demonstraram maior risco de ansiedade e depressão.

Comentários: Temos que pensar numa estratégia mais abrangente relacionada aos MDR:

  1. Temos que mudar certos paradigmas na racionalização de antimicrobianos?
  2. Temos que ter jogo de cintura com relação a pacientes submetidos a precauções? Vale a pena impedir a internação de um paciente que necessita muito de uma cirurgia, porque temos um portador internado no mesmo quarto?
  3. Temos que interditar unidades ou hospitais? Que benefícios teremos?
  4. Temos que definir desfechos e indicadores?

Este assunto é palpitante, e merece ser revisado mais vezes.

Figuras adicionais

Indicadores que devem servir de base para o programa de precauções

isolamento metrica leap

Eventos adversos

isolamento adverso leap

Extraídos de: Diekema DJ, Edmond MB. – Look before you leap: active surveillance for multidrug-resistant organisms.Clin Infect Dis. 2007 Apr 15;44(8):1101-7.

 

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