Artigo: Zika Virus Associated with Microcephaly
Autores: Jernej Mlakar, Misa Korva e mais
Local: Eslovênia
Fonte: New England Journal of Medicine, 10 de Fevereiro de 2016
Editorial: NEJM
Estudo: Trata-se de um relato de caso de bebê nascido com microcefalia, cuja mãe apresentara uma infecção por Zika vírus no primeiro trimestre de gestação, após viagem para o Brasil. Ultrassonografia na 29ª. Semana de gestação evidenciou anormalidades fetais. Novo ultrassom na 32a. semana mostrou retardo de crescimento intrauterino, fluido amniótico normal, placenta de dimensões normais mas com calcificações, microcefalia, ventriculomegalia e diâmetro transcerebelar pequeno. Inúmeras clacificações intracranianas foram percebidas. A mãe obteve autorização judicial para interrupção da gestação. Após o parto, a única manifestação percebida foi a microcefalia. O estudo descreve as alterações macroscópicas e histopatológicas obtidas a partir da autópsia. Imunofluorescência indireta do tecido nervoso revelou reação intracitoplasmática granulosa nos locais onde havia dano às células. Microscopia eletrônica mostrou partículas virais esféricas medindo 42 a 54nm, morfologicamente compatíveis com vírus da família dos Flavivírus. PCR do tecido nervoso confirmou a presença do Zika Vírus. Os autores descrevem que, a partir do sequenciamento genético que fizeram, que o vírus brasileiro possui 99% de homologia com a linhagem asiática, de onde provavelmente evoluiu. Encontraram duas substituições maiores de aminoácidos nas proteínas não estruturais NS1 e NS4B, o que, segundo eles, pode ser um achado fortuito, ou uma mudança adaptativa que pode ser um caminho para a compreensão dos atuais problemas.
Comentário: Este estudo consolida firmemente a hipótese de que a microcefalia pode ter o Zika vírus como uma de suas causas. As hipóteses geradas na observação clínico e dados de vigilância epidemiológica vão se confirmando, derrubando teorias conspiratórias. Cabe entender agora o porquê da distribuição da doença e os fatores que levaram a este aparecimento. Como já discutido em artigo prévio, é bem possível que estejamos tratando de uma linhagem diferente do vírus, com alterações de proteínas não estruturais. Mas ainda há chão para comprovar esta hipótese.

Marcado:Zika, Zika vírus
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